de libertação que a Reforma Agrária representa e ainda porque a Reforma Agrária é um passo concreto na marcha para o projecto de sociedade que a nossa Constituição da República aponta. Por isso a sanha destruidora contra a Reforma Agrária.

Não vou falar aqui, por falta de tempo, das inúmeras ilegalidades cometidas, pois que a lista de casos é tão grande que a sua divulgação pelos meios da comunicação social é diária e certamente que isso não interessa aos Srs. Deputados da maioria, naturalmente pouco preocupados com os problemas do desemprego no Sul, com os roubos ao justo trabalho promovido pelos trabalhadores, com as violências, com o clima de terror criado nos distritos de Évora, Beja, Portalegre, Setúbal e Santarém.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, faça o favor de abreviar porque já esgotou o tempo.

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pela Páscoa, Deputados do nosso partido visitaram UCPs - cooperativas nos distritos de Évora, Beja e Portalegre. Queremos aqui registar o amor ao trabalho realizado nas UCPs, o amor aos alqueives, aos investimentos realizados, às ceifas em progresso que os trabalhadores das UCPs e cooperativas tinham. Um amor que podemos identificar ao amor do camponês do Norte pela sua vaca, pela sua pequena courela. Queremos registar ainda a profunda confiança no futuro sucesso da Reforma Agrária e a grande capacidade demonstrada por trabalhadores quase analfabetos de gerirem as unidades colectivas ou as cooperativas pelas quais são responsáveis.

Não somos uma força política determinante nesta luta heróica dos trabalhadores alentejanos e ribatejanos pela defesa da Reforma Agrária. Mas orgulhamo-nos do papel dos nossos companheiros de partido no apoio diário constante, nomeadamente de ordem técnica, para a luta da Reforma Agrária.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peco-lhe o favor de abreviar porque já esgotou o tempo.

O Orador: - A ofensiva contra a Reforma Agrária é uma parte da luta contra o 25 de Abril. A verdadeira Reforma Agrária de que a AD fala, a entrega de, terras a pequenos agricultores, ou, como diz a AD, a trabalhadores agrícolas em posse individual, é uma fraude, seria uma monstruosidade técnica e serve apenas para encobrir o% verdadeiro sentido da actuação do Governo: reconstituir os latifúndios.

Vozes do PSD e do CDS: - Basta!

Q Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe o favor de terminar a sua intervenção, visto já ter excedido em muito o tempo que lhe foi concedido.

O Orador: - Por todo o País cresce o sentimento de repulsa por esta política.

A AD embalou-se no sonho radioso da sua mudança mas passa agora pelo pesadelo de não conseguir implantar as principais peças da sua estratégia de ruptura com os ideais de Abril e de ver crescer a vaga de descontentamento popular que grassa de sul a norte e que se alarga a sectores da população cada vez mais amplos.

A AD acordará proximamente no lugar que lhe compete no Portugal democrático do 25 de Abril: força eleitoralmente minoritária, postergada para o papel de oposição que lhe compete.

Mas estamos certos de que entre os ex-apoiantes da AD em Dezembro e outros ainda iludidos com o seu discurso de tom democrático muitos despertarão finalmente para os caminhos de Abril, para a longa marcha onde militantes do MDP/CDE orgulhosamente participamos e lutamos pela consolidação e pela implantação irreversível da democracia em Portugal, pela construção final de uma sociedade em que a democracia seja plenamente conseguida como realidade política, económica e social.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

No decorrer desta intervenção reassumiu a presidência o Sr. Presidente Leonardo Ribeiro de Almeida.

O Sr. José Cardoso (PSD): - Sr. Presidente, quero inscrever-me para fazer um protesto em relação a esta última declaração política proferida pelo Sr. Deputado Herberto Goulart.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado. Fá-lo-á na próxima reunião.

Pausa.

Não a havendo, considero concedida por unanimidade a autorização para o Sr. Deputado depor como testemunha.

No mesmo sentido, um parecer favorável e unânime no sentido de autorizar o Sr. Deputado Marcelo Curto a depor como testemunha na comarca de Oeiras, no processo n.º A/3229-78. Se também não há nenhuma oposição, a Mesa considera o Sr. Deputado autorizado a prestar esse depoimento.