Às críticas aqui formuladas ao Plano e ao Orçamento fizeram o Governo e a sua maioria orelhas moucas.

Denunciámos, no Plano, a falta de coerência interna, a miopia de objectivos e a inconsistência e incompatibilidade de algumas das grandes opções com as propostas concretizadas no Orçamento.

Referimos assim, sem contestação provada e aceitável, que o crescimento económico proposto era incompatível, por insuficiente, com a delapidação prevista das cambiais do Estado (800 a 900 milhões de dólares);

Que as projecções de crescimento do FBCF, centradas no exagerado optimismo, quanto ao comportamento da iniciativa privada, eram irrealistas;

Que a penalização do sector empresarial público era injustificada;

Que a contenção da inflação, desmentida aliás pela realidade, era, com esta política, concretizável apenas pelo controle administrativo dos preços e consequente desorganização produtiva;

Que a melhoria das condições de vida das famílias portuguesas, just ificada, no essencial, com a diminuição da carga fiscal, era uma ficção, apenas sentida realmente palas classes sociais de mais elevados rendimentos;

Que o projecto de reassumir a vocação europeia do País era uma desnecessidade decorrente da intenção política de justificar o ataque sistemático do Governo e da maioria ao sistema económico vigente;

Que, e enfim, as grandes vítimas da política dos equilíbrios macroeconómicos artificiais do Governo são os trabalhadores e, sobretudo, aqueles que mais precisam e menos possuem.

Dissemos, também, que a política do Governo, expressa no documento das Grandes Opções, não concretizou uma efectiva intenção de atacar o principal flagelo da sociedade portuguesa -o desemprego-, antes, aceita passivamente que a criação de novos postos de trabalho dependa apenas, e tão-só, do resultado residual de um equilíbrio entre variáveis macro-económicas.

Denunciámos, quanto ao Orçamento, o maior déficit de sempre, não justificado, de r esto, por uma política desenvolvimentista, incompatível com a política de contenção da inflação, denunciámos a falência da argumentação da diminuição da carga e pressão fiscais, o ataque à descentralização e ao poder local pela incorrecta e ilegal afectação de parcos recursos financeiros às autarquias, a artificialidade dos equilíbrios do orçamento da segurança social, enfim, a incorrecção formal e a insuficiente justificação documental da proposta de lei correspondente.

Afirmámos, sobretudo, a incompreensível e injustificável intenção do Governo de fazer pagar aos trabalhadores da função pública e do sector empresarial do Estado os efeitos da crise que o Governo não sabe, nem quer "solver, e antes agravará, de forma sistemática, consciente e leviana, na certeza de que, sei ganhar as eleições, terá tempo de sobra para inverter as. coisas à custa de iodos nós e, se perder, como muito provavelmente sucederá, exigirá aos outros, no que aliás têm comprovada expe riência os Deputados da maioria, aqui]" que não sabe resolver.

As nossas denúncias e as nossas críticas foram acompanhadas na discussão da especialidade por propostas concretas) de alteração das Grandes Opções e do Orçamento psrfe6ta