nicas, coros de amadores e ranchos folclóricos, até à comemoração de todos os centenários de vultos marcantes da cultura portuguesa que caiam na legislatura - tudo isto sem sair do principal -, o Programa é largo no prometer.

Fica-nos uma infinita curiosidade pelo futuro diálogo entre o Secretário de Estado da Cultura e o Ministro das Finanças, sobre o leito de Procustes do Orçamento Geral do Estado.

Finalizando, que já tarda: um Programa de Governo que, em matéria de objectivos, é digna da firma de um Thomas Morus, mas que, quanto a medidas, é árido como um deserto, esquivo como um campeão de esgrima e seco como um cardo!

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS

O Sr. Amândio de Azeredo (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Exa. a palavra, Sr. Deputado Amândio de Azevedo.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Sr. Presidente Srs. Deputado: Gostaria de fazer algumas perguntas ao Sr. Deputado Almeida Santos, que foi pródigo em críticas contra o Programa do Governo, também elas abstractas, e nos pontos em que as concretizou penso que errou clarissimamente o seu alvo.

E é exactamente em relação a algumas afirmações que me pareceram mais chocantes que eu gostaria de fazer algumas perguntas ao Sr. Deputado Almeida Santos.

A primeira pergunta é a seguinte: está o Sr. Deputado convencido que o 25 de Abril foi o fim e não a causa de um regime totalitário?

Sr. Deputado Almeida Santos, foi ou não verdade que depois do 25 de Abril o nosso país correu riscos seriíssimos de cair numa nova ditadura bem mais difícil de derrubar do que aquela a que o 25 de Abril pôs termo?

O Sr. Deputado acusou o Programa do Governo de contraditório. Mas não será o Sr. Deputado Almeida Santos ainda mais contraditório quando afirma que foi o Partido Socialista o

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador. - Sr. Deputado Almeida Santos, essencialmente eram estas as perguntas que lhe queria fazer, além de querer ainda perguntar-lhe, embora não saiba se vale a pena, onde é que este Governo é um ataque à liberdade onde: é que este Programa do Governo e as forcas políticas que o apoiam discordam do Sr. Deputado no sentido de que a democracia para ser plena, além dos requisitos que nós temos exigido, tem de o ser não só no domínio político, como também no domínio económico e no domínio social? Creio que quanto a isto estamos todos de acordo, já o afirmámos milhantas vezes e reafirmamo-lo quantas vezes for necessário. Para nós a democracia não se esgota no campo político, tem de abranger necessariamente o campo económico e social. E lembro-lhe uma vez mais que nenhum Governo levou tão longe a democracia social como o Governo da Aliança Democrática presidido pelo Dr. Sá Carneiro, cuja política vai ser continuada por este.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Peço a palavra Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Exa. a palavra. Sr. Deputado Borges de Carvalho.

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Almeida Santos honrou-nos com mais um discurso dos que lhe são habituais que também o honram muito como orador. Simplesmente, se o Sr. Deputado Almeida Santos é um grande jurista e um grande orador, não sabe muito de botânica e acabou o seu discurso dizendo que o cardo era seco. Ora os cardos têm seiva, têm água e têm uma grande capacidade de ir buscar água ao solo.

O nosso cardo, Sr. Deputado, tem uma seiva muito particular: a sua seiva são os votos maioritários do povo português que votou nesta maioria e neste Governo.

Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Temos também que nos congratular pelo facto de o Sr. Deputado não se ter picado no cardo, o que era um risco que todos nós queríamos evitar.

A intervenção do Sr. Deputado Almeida Santos vem na linha da intervenção de ontem do presidente do seu grupo parlamentar, Sr. Deputado Salgado Zenha.

Vozes do PS: - Ontem?!

O Orador: - Ontem em relação aos dias úteis. Mas, como eu ia dizendo, a intervenção do Sr. Deputado Almeida Santos vem na linha da intervenção do Sr. Deputado Salgado Zenha, que procurou ver as mais tenebrosas e cavilosas intenções neste Programa de Governo. Já o Sr. Deputado Salgado Zenha onde