deixado para um representante da Ordem dos Médicos, que, par acaso, era proprietário de uma das grandes clínicas particulares de Lisboa.

Neste Governo, e pela intervenção do Sr. Ministro Carlos Macedo, que e o primeiro médico a ocupar o cargo, parece que os problemas socais não lhe interessam, pois passou por eles - e não vou dizer a expressão popular - com grande velocidade, talvez porque não há eleições a vista. E, afinal, o que importa a AD os milhões de reformados pobres, os que vivem miseravelmente com pensões desgraçadas?!

Risos do PSD, do CDS e do PPM.

Vozes do PSD: - O Sr. Deputado!

O Orador: - Os Srs. Deputados riem-se. Como não se estão a rir de mim, porque isso seria uma descortesia que o Presidente da Assembleia não consentiria, estão a rir-se do povo português.

Aplausos do PS.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Estamo-nos a rir de si Sr. Deputado!

O Orador: - Para terminar gostaria de formular duas perguntas, antes do que direi, francamente, em nome do Partido Socialista, que se o Governo fizer alguma coisa de bom pela saúde do povo terá, certamente, o apoio e a colaboração dos socialistas nesse sentido.

Não somos dogmáticos e o que nos preocupa, e daí talvez a frustração que um deputado do PSD me apontou e que em parte existe e que e a frustração de quem luta há muitos anos pela emancipação do homem, pela libertação do homem e dos trabalhadores de todas as formas de opressão. E não há maior opressão do que a daquele que precisa de se curar e não o pode fazer; não ha maior opressão do que a do fraco que se quer libertar, e não há maior fraco do que o doente.

Mas os senhores não sabem disto porque nunca viveram na vossa carne nem sentiram na vossa consciência o drama da gente humilde que faz bichas à porta das Caixas, que mete cunhas para ser atendida nos hospitais e que as vezes tem de vender ou hipotecar uma leira que herdou dos seus pais para se curar das suas doenças.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Isto é o pais real. Os Srs. Deputados podem-se rir, mas o ultimo a rir será o que ri melhor.

Vozes do PS: - Muito bem!

futuro de milhares e milhares de jovens médicos que vêem o seu futuro sombrio pela insegurança da política deste Governo.

Vozes do PS e do PCP: - Muito bem!

O Orador - Portanto, Sr Ministro dos Assuntos Sociais, qual é a ideia de V. Exa. sobre a carreira de clínica geral? Deixar como está ou reformular? Qual e também a ideia do Sr. Ministro em relação ao serviço médico à periferia, visto que consta que vai ser suprimido e que, com tantes insuficiências, trouxe alguma esperança a muitos portugueses que pela primeira vez puderam ver um médico na sua aldeia?

Fiz-lhe uma pergunta concreta que era a de saber se o Orçamento vai ser reduzido em termos reais em 10%, mas V. Exa. não respondeu. O Orçamento do ano passado era da ordem dos 40 milhões de contos e houve um défice de 5 milhões e há 4 milhões de dívidas aos fornecedores.

Sr. Ministro Morais Leitão, aproveito a ocasião para o cumprimentar e desejar muitas felicidades no cargo que V. Exa. ocupa. Tive o gosto de conversar algumas vezes sobre problemas referentes à saúde durante o mandato do Sr. Ministro, asseguro-lhe que estes são elementos reais que me foram fornecidos e não podem ser desmentidos, e certamente que não me obrigara a apresentar alguns documentos que aqui tenho porque V. Ex.ª também os conhece.

Era isto que eu tinha para dizer e não pouso continuar, pois o tempo não o permite.

Aplausos do PS, do PCP, do MDP/CDE, da UEDS e da ASDI.

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro dos Assuntos Sociais pretende responder já ou reserva-se para o final de outros pedidos de esclarecimento que lhe vão ser formulados?

O Sr. Ministro dos Assuntos Sociais: - Reservo-me para o fim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para formular pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sra. Deputada Teresa Ambrósio.