(...) ter uma forte simpatia por ela. Fui-o na minha juventude, mas hoje, já não tenho idade paia o ser...

Vozes do PCP: - É pena!

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Se fosse só uma questão de idade...

A Oradora: - Pois não, é de classe...

Mas a Sra. Deputada devia congratular-se precisamente por termos um Governo que pretende fazer modernização quando se esforça por colaborar com as forças que querem libertar a sociedade civil do Estado, porque isso é que é modernizar. A tendência é cada vez maus sociedade civil e cada vez menos Estado, pois assim chegamos à modernização.

Estou muito desiludida porque a Sra. Deputada não está contente com o princípio defendido pelo Governo. E suspeito uma coisa terrível: é que pela primeira vez talvez eu tenha de gostar de um governo, o que não me apetecia nada!

Aplausos do PSD e do PPM. Risos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Santa, Clara Gomes.

A Sr.ª Natália Correia (PSD): - Não vai ser assim.

O Sr. José Vitorino (PSD): - O Governo ajuda!

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Especialmente a sua...

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para uma intervenção o Sr. Deputado Azevedo Soares.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Presidente,

Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Ministros, Srs. Deputados: Pela sétima vez em pouco mais de quatro anos, está esta Assembleia a discutir um programa de Governo. Pela primeira vez, no entanto, sabe estar a fazê-lo para o período de uma legislatura.

Agitação na sala.

O Sr. Presidente: - Chamo a atenção dos Srs. Deputados para a oração do nosso colega.

O Orador - E isto por uma razão simples. Aos cinco primeiros governos faltava condições políticas de permanência, nem tinham na primeira linha das suas preocupações a necessidade de estabilidade governativa. Encararam o poder como coisa sua e entenderam a política como mera relação de pessoas e forças políticas. O VI Governo, pela própria natureza das coisas, foi um governo para dez meses. Mas neste curto espaço de tempo, mercê da lucidez e coragem de Francisco Sá Carneiro e da noção de Estado e visão do interesse nacional que, em conjunto com Freitas do Amaral, souberam inteligentemente manter, nesse curto espaço de tempo deram uma nova dimensão a política, entendida esta como acção, contínua e usaram o poder no respeito escrupuloso do mandato popular que lhes fora conferido.

Por isso, a maioria saiu reforçada das eleições de 5 de Outubro. Não apenas no número de deputados eleitos em listas da Aliança Democrática, mas reforçada na certeza de ter interpretado terminada

(...) a guerra, da e oposição democrática parlamentar preparam-se para viver com serenidade e período da actual legislatura.

Distinção e serenidade que não podem deixar de ter em conta dois aspectos principais.

Em primeiro lugar, atenção e firmeza permanente face à acção daqueles que, pela sua prática e por concepção própria, tem da democracia um entendimento diverso. Atenção ainda em relação a todos aqueles que, por hábito ou convicção, tendem a desvalorizar o papel que, em democracia, cumpre aos partidos desempenhar.

Em segundo lugar, é necessário que as relações entre a maioria e a oposição democrática assentem, por um lado, no debate frontal das questões de governo e que, por outro, tenham em vista a procura de soluções consensuais para as grandes questões do Estado e da Nação. O mérito de tais soluções não pode, porém, confinar-se à beleza ou à bondade dos métodos utilizados, isto é, o consenso não pode traduzir-se na negação dos contrários, o que necessariamente conduziria a novos impasses no presente e não a verdadeiras soluções de futuro.