ou não o aumento dos lucros. Ou será que o Sr. Deputado Manuel Lopes já perdeu a concepção de qual é o interesse das empresas públicas, se têm ou não lucros? Ou perdeu já a perspectiva, digamos, marxista do sentido das empresas públicas?

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Não percebe nada disto!

O Orador: - Eu já sei que não percebo nada disto!

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Então não fale!

O Orador: - Mas, Sr. Deputado, também não estou aqui para receber as suas lições.

A segunda questão que gostaria de levantar é a seguinte: o Sr. Deputado Manuel Lopes acusa o Programa do Governo de apontar no sentido da liberalização dos preços. E diz mais: diz que a baixa do nível de vida foi provocada pelos recentes aumentos, etc., etc.

Sr. Deputado, o Governo afirmou ontem aqui, pela voz do Sr. Ministro das Finanças e do Plano, com particular autoridade - aliás a autoridade que resulta do facto de no ano passado isso ter sido conseguido contra as expectativas de toda a gente, quer no plano nacional, quer no internacional -, que a taxa de inflação tinha baixado, que tinha sido mesmo inferior aos 20% anunciados. Depois de todos estes aumentos verificados, mesmo assim, o Governo compromete-se a obter uma taxa de inflação de 16%. É possível que seja necessário dar-lhe algum benefício da dúvida,...

Risos de alguns deputados do PCP.

... mas também é verdade que no ano passado ninguém acreditava que isso pudesse acontecer - e isso aconteceu, quer os senhores queiram quer não.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A última questão que, do meu ponto de vista, justifica uma abordagem é a que se refere ao problema das chamadas relações trilaterais, aquilo a que, com alguma ironia, o Sr. Deputado chamou relações industriais ao estilo anglo-saxónico. Sr. Deputado, estamos perfeitamente esclarecidos a respeito de quais são as intenções do Partido Comunista quanto às relações de trabalho. As relações de trabalho, na perspectiva marxista do Partido Comunista, são, pura e simplesmente, um instrumento de agitação social. Se assim não for, os Srs. Deputados negam a vossa perspectiva marxista-leninista. A contratação colectiva, as relações colectivas de trabalho, são, pura e simplesmente, um instrumento revolucionário de agitação social. A nossa perspectiva é completamente diferente.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Ah!

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Brevíssimo?!

O Orador: - Gostaria de dizer que aquilo que tem estado a acontecer na Polónia é, de facto, profundamente trágico até para a Intersindical e para o PCP.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Aquilo que está a acontecer na Polónia, em termos de libertação dos trabalhadores,...

Protestos do PCP.

O Sr. Manuel Lopes (PCP): - Sr. Deputado, eu não falei na Polónia!

O Orador: - ...é um fenómeno extremamente preocupante para os Srs. Deputados.

Protestos do PCP.

Penso que seria mais útil que se preocupassem com os vossos próprios problemas, porque, a acontecerem muitas Polónias ou a prosseguir, como está a acontecer, o movimento de libertação dos trabalhadores na Polónia, creio que a CGTP/Intersindical e o Partido Comunista, em termos de trabalhadores, vão ter um fim mais apressado do que inicialmente previam.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para fazer um protesto.

O Sr. Presidente: - Tem V. Exa. a palavra o Sr. Deputado Leonel Santa Rita.

O Sr. Leonel Santa Rita (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, peço a palavra para fazer um protesto, uma vez que o Sr. Deputado, Manuel Lopes invocou a sua qualidade de trabalhador e de deputado para fazer certas afirmações/nomeadamente em relatir sempre a liberdade do direito à greve.

Lamento sinceramente que o Sr. Deputado tenha lido aquilo que não está no Programa do Governo nem na prática do actual Ministro do Trabalho. Nunca o Sr. Ministro do Trabalho, pela sua prática anterior, poderá pôr em dúvida a necessidade de existir sempre a liberdade do direito à greve.

Vozes do PCP: - Isso é mentira!

O Orador: - Portanto, lamento sinceramente que o Sr. Deputado venha pôr em causa um direito que é de todos os trabalhadores. A prática do actual Ministro dá-nos confiança suficiente em que isso não venha acontecer.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.