O Sr. Portugal da Silveira (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O PPM, mais do que confiar no Governo que agora inicia em plena legitimidade o seu manda-lo, assegura-lhe a sua real e completa colaboração.

Fazê-mo-lo porque, além da capacidade que reconhecemos neste governo e no seu programa e do interesse circunstancial que envolve a manutenção da solidariedade que livremente nos obrigámos ao constituir a Aliança Democrática, pensamos que esta é uma exigência do compromisso que assumimos perante o povo português quando nos apresentámos ao eleitorado em 5 de Outubro.

É pois neste espírito de serviço nacional que o Sr. Primeiro-Ministro e o Governo podem contar connosco no modo de uma completa abertura e disponibilidade na busca, que lhes cabe, da descoberta dos caminhos do futuro de todos nós.

Aplausos do PPM. do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem V. Ex.ª a palavra, Sr/ Deputada Zita Seabra.

bancada vazia nos apoiantes de qualquer governo.

Nunca ouvimos Ministros instruídos com tantas professorais lições, tantas prelecções, conselhos e recados dos seus apoiantes. E no entanto às obsessivas afirmações de unidade interna da "AD", surgiram sempre sob a forma de apelos dramáticos e de ameaças veladas.

Mas como ressalta do discurso do Primiero-Ministro o Governo da "AD" está sobretudo preocupado com a resistência do movimento popular que vai enfrentar. Donde as ameaças explícitas aos trabalhadores, as tentativas de. desvirtuar os projectos, propósitos e métodos democráticos do PCP ë á declarada intenção de tudo fazer para repetir os procedimentos, manipulações e distorções que estiveram na origem da maioria parlamentar da "AD".

A "AD" nem deu a este debate e a esta votação a dignidade de um dia e uma sessão parlamentar própria, pois a "AD" temeu que os seus deputados não viessem à votação.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Ninguém acredita, nem a "AD", nem o Governo, nem os deputados, nem os jornalistas, que tenha saído daqui um Governo para quatro anos! Repito, nem a "AD", nem a oposição.

Vozes do CDS: -A cassette!

A Oradora: - Uns sairão daqui meditando como hão-de chegar aos ministeriáveis lugares dos seus colegas de aliança. Outros, nos quais nos encontramos, pensando ria necessidade de uma alternativa democrática que sirva o povo e - o País:

As constantes referências à duração de quatro anos do governo de Pinto Balsemão "AD" valor do que a promessa de um Verão calmo do Sr. Deputado Freitas do Amaral um mês antes da punhalada no governo . PS/CDS.

Mas nós, comunistas, afirmamos que não é nas dificuldades da "AD" que está a solução dos problemas nacionais: O que afirmamos "AD" encontrará pela frente da- sua- política- antipopular inconstitucional, ilegal e subversiva e de ataque conquistas da Revolução de Abril a firme luta da classe operária e do povo trabalhador.

É por temê-lo, por perceber o crescente descontentamento que atinge as mais variadas camadas e sectores da população e a sua crescente mobilização para a luta, que a "AD" sente a necessidade de apresentar esta moção.

Também não atingir os seus objectivos. Lá fora as pessoas sabem que as eleições já lá vão é quê o verdadeiro programa de governo da "AD" não são estas páginas, entreguem aos deputados mas sim o que sentem na pele no seu dia-a-dia. Para os trabalhadores é a desenfreada exploração. Que sentem os despedimentos, os tectos salariais de 16%. Para os jovens a dramática busca do primeiro emprego depois de sacudidos do sistema de ensino elitista feito e planificado para os filhos de família. Na habitação são os bairros de lata e a lei das rendas, na agricultura e o atraso, é o aumento de adubos e pesticidas é a liquidação dos pequenos e médios agricultores, na Reforma Agrária criminosos, a desemprego e na fome de milhares de trabalhadores. Na saúde é uma política para servir uns quantos barões da medicina à custa do sacrifício e do dinheiro do povo.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Para os reformados, deficientes e outros sectores mais desprotegidos da população é o esquecimento até à próximas eleições. Na comunicação social é a propaganda, o arbítrio e a manipulação.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: É à continuação desta política que os trabalhadores e as massas populares vão dizer não! E é contra ela que irão lutar.