Logo, o jogo está sob controle e, tanto quanto possível, ao serviço do País. Sejam câmaras socialistas ou câmaras da AD, todas elas nos vêm pedir os benefícios e os subsídios, que lhes vão permitir levar a cabo imensas obras de interesse social, e nenhuma repudia os interesses económicos que através do jogo lhes são entregues.

O Sr. Luis Filipe Madeira (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito?

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - É para formular pedidos de esclarecimento.

Vozes do PSD: - Que paciência!

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Há pessoas muito impacientes. Há coisas duras de ouvir, mas têm de ouvir.

Protestos do PSD e do CDS.

Sr. Secretário de Estado do Turismo, gostei, mais uma vez, de o ouvir e agradeço-lhe a honestidade que, aliás, tem demonstrado ao longo de várias intervenções, não só agora, como em outros governos, quando confirmou que há atrasos na apresentação das contas. Contudo, disse uma coisa que suponho que não será totalmente exacta: é que há atrasos de alguns meses.

É evidente que não quero que o Sr. Secretário de Estado do Turismo venha aqui confessar as dificuldades da Secretaria de Estado do Turismo, porque não será o local próprio e nem o momento, nem o debate, será exactamente para isso. O que eu queria era que o Sr. Secretário de Estado do Turismo reconhecesse que esse atraso de alguns meses incide sobre as prorrogações sucessivas que têm vindo sendo dadas e que talvez somem alguns anos, como V. Ex.ª muito bem sabe.

Ainda a propósito disso e das questões das divisas, que de facto admito que é uma questão importante para o País e para o Governo, que tem a responsabilidade, de gerir o País - e que seria uma razão que poderia atenuar a oposição dos sectores que vêem no jogo uma coisa desejável -, creio que isso carece de alguns complementos: por um lado, o jogo não é efectivamente uma valência turística relevante e o Sr. Secretário de Estado tem muitos meios de saber isso. Por outro lado, há valências turísticas relevantes que gostaria de saber se serão aproveitadas. Poderá o Sr. Secretário de Estado do Turismo dizer à Câmara quais as disposições do Governo nesse sentido? Por exemplo, podia começar pelas corridas de cavalos, por combates de galos, etc., mas tem ao seu alcance uma coisa muito mais fácil e muito mais própria, a menos que haja razões morais que se oponham. Refiro-me, pois, ao naturismo comummente chamado «nudismo».

Esta é uma prática que tem umas dezenas de milhões de adeptos em todo o Mundo: geralmente pessoas de boa capacidade financeira e que não encontram na Europa locais climatericamente apropriados para essa prática. Portugal, em especial o Sul do País, a Madeira e os Açores, tem condições ímpares para a prática do naturismo - uma vida ao ar livre sem os embaraços da «ganga» social.

Vozes do CDS: - Isso não é para aqui chamado!

O Orador: - Portanto, gostaria de perguntar ao Sr. Secretário de Estado do Turismo se, ao arrepio de alguns valores supostamente éticos e morais, o Governo está disposto a sacrificar o incómodo e brotoeja que essa legalização poderá criar em algumas consciências mais. conservadoras do ponto de vista da moral e legalizar em Portugal a prática naturista.

Protestos do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Turismo para responder, se assim o desejar.

O Sr. Secretário de Estado do Turismo: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Pedia desculpa para não resvalar da tentação de discutir outros aspectos que, sem dúvida, preocupam esta Secretaria de Estado do Turismo- porque está interessada em desenvolver todas as medidas que ajudem a que o País seja procurado pelos estrangeiros para que aqui encontrem repouso de muita natureza. Porém, hoje estamos a falar do problema do jogo e eu pedia-lhe desculpa por não avançar noutras áreas.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Estou esclarecido!

O Sr. Presidente:- Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Gostaria de fazer uma pequena intervenção, focando essencialmente três pontos.

Em primeiro lugar, parece-me que resulta deste debate aliás o próprio Secretário de Estado do