colectivos. Mas isto tem a ver com princípios inerentes ao socialismo democrático, o que, obviamente, nada tem de comum com o Governo ou com as bancadas parlamentares que o apoiam.

Aplausos da UEDS, PS, PCP e MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Azevedo Soares para um pedido de esclarecimento.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): -Sr. Presidente, Srs. Deputados: Esta intervenção do Sr. Deputado César de Oliveira sobre política externa, em que procurou depois retirar algumas ilações para a política interna do Governo, pareceu-me -com uma outra linguagem, por vezes mais civilizada, talvez mais democrático-socialista a mesma questão sistematicamente colocada nesta Câmara pelo Sr. Deputado Mário Tomé.

De facto o Sr. Deputado César de Oliveira entende a política externa como a política da NATO. Ora, não vi que referisse outros aspectos, a não ser incidentalmente alguns apontamentos históricos, quanto à natureza e à eficiência da política externa de Portugal. Procurou apenas, ao retirar de um contexto de toda uma intervenção do Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros, uma frase que é: "ao lado dos Estados Unidos", tirar ilações no sentido de ser, por parte do Governo de Portugal, a recuperação da "guerra-fria", a aceitação inalterável do que é a Confe ra a agressividade sistemática e persistente da União Soviética, V. Ex.ª deseja uma Europa onde as economias estejam completamento separadas, se V. Ex.ª tem uma ideia da Europa à século XV.

É esta ambiguidade que existe dentro de si mesmo e de que V. Ex.ª é porta-voz na coligação que o elegeu, e isso, sim, é que é ambiguidade, porque o facto de o Sr. Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros dizer que está ao lado dos Estados Unidos significa uma coisa muito simples, Sr. Deputado: é que está ao lado.

Uma voz do PCP: - Dos fachos! Risos do PCP.

O Orador: - Srs. Deputados, já sei que estão ao lado da União Soviética, mas isso é outra questão - o problema é vosso!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Estão dentro!

O Orador: - O estar ao lado dos Estados Unidos, dizia eu, é uma questão muito importante, que é a da própria liberdade, que é a questão da democracia pluralista, que é a possibilidade de construir uma Europa livre e independente de blocos ou de pressões, mas essa constrói-se com os aliados que respeitam a pessoa humana, com os aliados que respeitam a liberdade e não com aqueles que utilizam os seus tanques para destruir a liberdade dos outros.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Para responder ao pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado César de Oliveira.

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Sr. Deputado Azevedo Soares, eu gostaria de ter tempo.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Tempo e capacidade!

O Orador: - ... para lhe responder exaustivamente e como a sua correcta interpelação merecia. Simplesmente não referi outros aspectos da política externa portuguesa porque dispomos apenas de trinta e seis minutos para intervir neste debate.

Sendo assim, se V. Ex.ª considerar as minhas respostas no tempo do seu partido, eu responderei às inúmeras e complexas questões que levantou.

Vozes do CDS: - Olha o golpe!

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Quando o seu grupo parlamentar tiver quarenta e seis deputados terão o mesmo tempo. Registo apenas a sua preferência pelo tema NATO.