boas fés - eu diria antes uma aposta pesada que perdeu - disse: é evidente que o Governo acatará a deliberação do Conselho Regional. Como se viu, acatou a deliberação do Conselho Regional! Isto foi dito em público, está gravado.

Uma voz do PS: - Foi azar!

... e é evidente que o CDS não tem no Algarve uma implantação excessiva, digamos mesmo que está muito aquém das suas legítimas ambições. Creio que ainda não chegou aos 10%, mas lá irá ...

Uma voz do CDS: - Ainda vamos fazer essas contas!

do turismo - e desafio quem quer que seja a desmentir-me - exactamente ao contrário do que está a proceder a AD desde que está no Governo.

O PS no governo nunca nomeou, para órgãos locais de turismo, ninguém que não tivesse a concordância da autarquia local respectiva.

Uma voz do CDS: - Esqueceu-se!

O Orador - Posso citar-vos bastantes juntas de turismo, em várias zonas, em que nomeadamente o PSD é maioritário! O PS nomeou para presidente interino da Comissão Regional de Turismo o homem ligado ao turismo que estava, já na altura, publicamente comprometido com o PSD.

O Sr. Deputado José Vitorino fez parte, como independente, de uma lista para a Câmara Municipal de Silves e foi eleito como vereador. Lista do PPD!

Vozes do PS: - É verdade!

O Orador: - Estava publicamente comprometido com o PPD e não cora outro partido. Não foi por acaso que escolheu aquela lista e não outra! Se isto não é publicamente comprometido, então, não sei o que será comprometer-se publicamente.

Sr. Presidente. Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado do Turismo: Estas coisas todas têm um limite. Nós, no Algarve, é evidente que prezamos muito a ordem pública e a autoridade legítima, mas também prezamos muito que não abusem da nossa paciência.

Os algarvios não estão habituados a ser excessivamente colonizados. Os governos fascistas colonizaram o Algarve através de Évora. Mas colonizá-lo agora através de Faro, com o tal vice-rei que já hoje foi aqui referido, é excessivo.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - O vice-rei é o José Vitorino!

O Orador: - As câmaras municipais. do Algarve pertencem aos leques dos principais partidos aqui representados nesta Assembleia, incluindo o CDS através da coligação com o PSD. Assim, há câmaras municipais da APU, há câmaras municipais da AD, há câmaras municipais do PSD e há câmaras municipais do PS. Ora, creio que todas as câmaras estão contra este decreto-lei, uma vez que ele põe em causa o poder dos Algarvios, põe em causa o direito de os Algarvios terem uma palavra autónoma, influente e decisiva numa questão que a todos eles diz respeito.

Com efeito, Sr. Secretário de Estado do Turismo, o Algarve não é apenas um balcão de divisas. O Algarve também paga os custos sociais, culturais e ambientais gravíssimos que o turismo acarreta. Os Algarvios sentem na pele as contrapartidas que o turismo tem para o Estado e para alguns outros. Mas, a maioria esmagadora da população do Algarve não participa directamente nos benefícios do turismo. Os Algarvios têm muito gosto em que o Algarve seja um grande balcão do turismo português, mas não querem que, por isso, sejam discriminados e tratados de um modo diferente da população do Alto Minho, por exemplo.

Na verdade, se os Minhotos - e muito bem - têm o direito de influir decisivamente na sua região turística, por que razão hão-de os Algarvios ter menos direitos? Será porque os Algarvios votaram mais no PS do que no PSD e no CDS? Será que se pretende assim punir os eleitores pela escolha que fizeram? Onde estão os princípios da descentralização? Onde está o respeito pelo voto popular? Onde está a defesa do interesse de uma região? É que isto chama-se discriminar uma região e é enxovalhar todos os Algarvios, que não admitem, Sr. Secretário de Estado e Srs. Deputados, esta discriminação.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Muito bem!