Baião Horta que aquilo que penso acerca do Governo na globalidade di-lo-ei dentro de muito pouco tempo, pois já estou inscrito para o efeito.

Todavia, devo dizer que, se- o Sr. Ministro resolvesse distribuir, por sua conta e risco, aquilo que eu disse pelos seus colegas, e ainda que a média fosse boa, tal como V. Ex.ª sabe, a média é um péssimo indicador da distribuição - e sobre ela falaremos daqui a pouco.

Risca do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quero apenas dizer ao Sr. Ministro que, tanto quanto sei, as propostas apresentadas pelas empresas do sector público empresarial de investimentos para 1981 foram de 125 milhões de contos. Ora, se o Governo se propõe investir apenas 90 milhões, isso significa que pelo menos lhe retirou 35 milhões.

Além disso, gostava ainda de lhe referir que em relação ao sector têxtil o estudo governamental que o Ministério da Indústria me mandou aponta de facto para o encerramento de 70 % das empresas daquele sector e para o desemprego de 40 % dos seus trabalhadores. Pedi os estudos que existiam, e esses foi o único que o Ministério da Indústria me enviou.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro da Indústria e Energia.

O Sr. Ministro da Indústria e Energia: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: De facto a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo concluiu bem.

Efectivamente as empresas publicas mandaram o shopping-list do supermercado com 125 milhões, mas o Governo, obviamente, não vai por aí. O Governo tem os seus critérios de selecção.

Relativamente ao problema do sector têxtil, a Sr.ª Deputada confunde diagnostico com terapêutica. O diagnóstico é esse e a terapêutica do Governo é que isso não suceda.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Coimbra.

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Não posso tecer melhores elogios às palavras proferidas pelo Sr. Ministro da Indústria e Energia na sua intervenção e, à laia de aparte, devo, em nome do meu partido, dizer claramente ao meu amigo deputado João Cravinho que, para além da solidariedade deste governo para com o Sr. Ministro, ele pode contar também com o apoio inequívoco do meu partido, parte integrante da Aliança Democrática cujo programa foi apresentado ao eleitorado em 1979 e que está de facto a ser cumprido.

Vozes do PPM:- Muito bem!

Socialista nunca souberam fazer ou que então puseram em prática exactamente ao contrário.

A caracterização da pesada herança que a Aliança Democrática recebeu foi muito bem feita pelo Sr. Ministro da Indústria: falta de características endogenizantes, modelo industrial copiado, e ainda por cima mal, de outros modelos de sociedades mais desenvolvidas, noutros contextos, noutras épocas e com outros custos energéticos, pouco aproveitamento das matérias-primas nacionais, etc.

Abrem-se de facto algumas perspectivas para, no aspecto da política industrial, podermos caminhar no sentido certo.

Lembro aos Srs. Deputados Ilda Figueiredo e João Cravinho que aquilo que o Sr. Ministro aqui veio dizer, não apenas pessoalmente, é o reflexo do muito que foi feito o ano passado pelo primeiro governo da Aliança Democrática. O Decreto-Lei n.º 194/80 (sobre o sistema integrado de incentivos), o Decreto-Lei n.º 408/80 (sobre os novos regimes de incentivos fiscais à exportação) e o duzentos e tal quilómetros do litoral de Portugal, com as centrais nucleares que a Espanha está a construir junto à nossa fronteira, mas lá chegarei a este aspecto.

O Sr. Ministro, tendo desdramatizado o assunto, referiu-se ao facto de que a energia nuclear não só não é uma componente essencial, já que apenas 14 % a 15 % da electricidade representa o nosso consumo energético, mas é sobretudo uma indústria e uma