O Sr. João Cravinho (PS): - Tenho cá estado todo o dia, Sr. Ministro!
O Orador: - Não vou intervir em resposta às diversas questões que foram hoje formuladas nesta Sala, mas não poderei deixar de fazer uma síntese de dois pontos que sem a minha resposta, dentro do principio de quem cala consente, poderiam significar aceitação humilde das teses da oposição. Há realmente, Srs. Deputados da oposição, uma concepção divergente de planeamento entre a oposição, por um lado, e o Governo e os partidos que servem de sua base de apoio, por outro.
Para a oposição -e só assim eu compreenderia que o Sr. Deputado João Cravinho tenha defendido no semanário Expresso que só daqui a dois anos deveríamos ter o Plano -, o Plano é um documento fixo, definidor das regras totais da economia e, portanto, nem sequer revisível. Eu não compreenderia as críticas, hoje aqui formuladas, de que o Governo até prevê que em 1982 reverá o Plano a médio prazo se não vislumbrasse nessas críticas' a visão colectivista, totalitária que a oposição tem do Plano.
Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!
O Orador: - Para a maioria e para o Governo: planear não é fixar uma sociedade no imobilismo dos quatro anos.
O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Muito bem!
O Orador - Para o Governo, planear é definir as regras do jogo, é fixar objectivos económicos, é tentar conhecer constantemente a conjuntura para melhor adequar a evolução da sociedade aos objectivos gerais dessa mesma sociedade.
Vozes do PSD:- Muito bem!
O Orador: - Planear é um processo permanente, planear não é um processo fixo que ab initio se mantém inalterado.
O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Muito bem!
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - No tempo do fascismo eram óptimos!
O Orador: - Não fui eu que o invoquei, minha senhora!
A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - O Sr. Ministro disse que os destruíram.
O Orador: - Não fui eu que o invoquei.
A oposição acusou o Governo de apresentar ao País um modelo de esperança, quando afinal se trata de um modelo liberal. É um modelo liberal que apresenta como grande opção fundamental a melhoria do nível de vida dos Portugueses, mas é um modelo a que a oposição não apresenta alternativa, escondida como está do seu modelo, esse sim, burocrata...
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: -..., porque a opção que se põe não é entre um modelo liberal e um modelo progressivo. A opção que está posta é entre o modelo do passado, do retrocesso e o modelo do progresso, que é o nosso.
Vozes do PSD, do CDS e do PPM: - Muito bem!
Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.
Eu não tomo nem reivindico, como desde Janeiro de 1980 vimos defendendo nesta bancada, o monopólio da justiça social. A oposição, sim, reivindicou-o durante quatro anos e levou este país onde? Não a atingir o quadrado mágico que hoje aqui mereceu comentários tão gozosos de alguns dos Srs. Deputados, nomeadamente do Sr. Deputado Veiga de Oliveira. A oposição, que levou, nestes quatro anos, a expressão «justiça social» para, as primeiras páginas dos jornais; conduziu as classes que carecem de justiça social para as zonas mais longínquas e mais desgraçadas da miséria.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - Ora não é possível e o Governo tem, nesse aspecto, a calma segurança de o ter feito - continuarmos a apregoar justiça social sem que efectivamente combatamos as desigualdades e corrijamos a situação real de tantos reformados titulares de pensões certas, titulares de rendimentos fixos, situação de que a inflação, tão do gosto da oposição, é causa.
De modo que em matéria de objectivos sociais o povo português sabe bem distinguir entre quem fala e quem fez e vai continuar a fazer.
O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Muito bem!