É falso que a oposição, nomeadamente o PS que integra as bancadas da FRS -, não tenha feito nunca nenhuma tentativa de definir um plano a médio prazo, que, se ainda me permite a minha opinião, considero ter sido melhor fundamentada do que o plano que era nos é apresentado. Esse plano, chamado «plano Manuela Silva», não foi discutido nesta Assembleia porque entretanto o Governo caiu, o que não significa que não tenha havido esforços de tentativa de planeamento.

Mas estou de acordo com o Sr. Deputado em que é na verdade uma diferente concepção de planeamento que está em causa. Foi precisamente isso que eu tive a oportunidade de dizer na minha intervenção.

Por outro lado, não considero que tenha colocado problemas que estejam ultrapassados ou que sejam de natureza eminentemente conservadora. Limitei-me a referir questões e problemas sobre os quais tenho & sinceridade e a honestidade de dizer que para eles eu próprio não tenho respostas completas. Simplesmente, penso que haveria vantagens em que todas as forças políticas debatessem questões como a energia, por exemplo, que são questões que não dizem respeito a nenhuma opção ideológica, mas sim a um problema que importa ao futuro de todos os portugueses. Foram questões como esta que fui levantar em forma de questão, tentando ver se ainda aí seria possível algum diálogo. Devo deduzir das suas palavras que o Sr. Deputado entende que não.

Finalmente, quanto ao anátema que pretendeu lançar sobre a minha intervenção, de que eu estaria a carrear argumentos de outro grupo parlamentar, digo-lhe apenas duas coisas: a primeira é que não sou gestor de negócios de ninguém, defendo as posições do meu partido, que, se V. Ex.ª quiser, pode criticar mas enquanto posições da UEDS, e não tentando lançar sobre ela o anátema de serem posições alheias, de haver manipulações e organizações que são telecomandadas por outras.

Vozes da UEDS: - Muito bem!

O Orador. - Finalmente, gostava de dizer, nesse sentido, que este debate sobre o plano anual e as grandes opções a médio prazo e o Orçamento Geral do Estado para 1981 deveria constituir um exemplo de diálogo democrático, e não um exemplo de anátema, como aquele que o Sr. Deputado acabou de dar.

Aplausos da UEDS, do PS e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Informo a UEDS de que esgotou o tempo de que dispunha para hoje. Tem a palavra o Sr. Deputado Anacoreta Correia.

O Sr. Anacoreta Correia (CDS):-Queria apenas dizer ao Sr. Deputado que nada lhe consente ver nas minhas palavras alguma falta de atenção para a sua sinceridade e para a sua honestidade. Não é isso que está em causa, nem foi isso o que eu quis pôr em causa.

O que quero dizer é que em política o que parece também é. Ora, das suas palavras, ditas com toda a sinceridade, podem inferir-se algumas das conclusões que retirei.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Leu bem o Salazar!

O Sr. Anacoreta Correia (CDS): - O Sr. Deputado lá sabe!

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): -Sr. Presidente, começarei por lhe perguntar se posso usar da palavra, pois parece que o meu grupo parlamentar não dispõe de tempo.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª poderá utilizar o tempo de que o seu grupo parlamentar dispõe para amanhã. Simplesmente, o tempo de que os grupos parlamentares dispõe para amanhã é para ser usado na discussão na especialidade, segundo o programa estabelecido. Não vejo inconveniente em VV. Ex.ªs gastarem o tempo de que dispõe para amanhã, mas penso que ficarão limitados na sessão de amanhã.

Se assim o desejar, tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Anacoreta Correia (CDS): - Não foi isso

Vozes da UEDS: - Foi isso, sim!

O Orador: - As suas palavras estão registadas e V. Ex.ª terá ocasião de as ler, a fim de verificar que tenho razão.

Era contra isto que eu queria protestar, era isto é que queria deixar claro. Acrescentarei, como dizia há pouco, que não nos perturbam, nem muito nem pouco, as identificações pontuais com o PCP ou com qualquer outro partido. É demasiado evidente e claro para a opinião pública e para os deputados aqui presentes que, a menos que se utilize a pura e simples má fé, essa correia de transmissão não passa de um argumento demagógico.