E é isso que está claro neste orçamento, nomeadamente com os incentivos absolutamente disparatados, com a contenção do nível de vida dos trabalhadores, afinal com o prejuízo de todos os trabalhadores deste país. É esta a linha fundamental do orçamento. E a UDP diz ser necessário que os trabalhadores percebam isto com clareza e percebam também que não se trata já sequer de lutar contra os mais maus.

Uma voz do PSD: - Os mais maus são os piores!

O Orador: - Não. Trata-se de lutar concretamente contra este sistema político e económico e de o pôr em causa. Portanto os trabalhadores, em toda a parte, têm de o pôr em causa e os trabalhadores estão a perceber que têm de o fazer.

Finalmente, parafraseando o Sr. Deputado Oliveira Dias, desejo as maiores infelicidades a este Governo...

... no sentido de que isso significa que os trabalhadores do nosso país hão-de conseguir impor, pela sua luta, as suas exigências e as suas reivindicações.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças e do Plano.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Exa. a palavra.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Sr. Presidente, nós não temos dúvidas nenhumas em que o Sr. Ministro das Finanças e do Plano poderá usar da palavra neste momento, e até gostamos bastante de o ouvir. Simplesmente pedi a palavra para vincar bem que não é a título de declaração de voto que o Sr. Ministro das Finanças e do Plano vai usar da palavra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado César Oliveira, nós temos estado a usar do tempo que foi estabelecido para o debate.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Nem o Sr. Ministro das Finanças e do Plano poderia usar da palavra para uma declaração de voto, como é óbvio.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado César Oliveira, repito que nós temos estado a usar de um tempo que é o tempo do debate.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Certo, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro das Finanças e do Plano pretendeu reservar o seu tempo e administrou-o confio entendeu, com direito igual ao dos partidos. Aliás parece-me inconcebível que se possa pensar que uma pessoa que não vota vá proferir uma declaração de voto.

Tem V. Exa. a palavra, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro das Finanças e do Plano: - Eu agradeço ao Sr. Presidente a defesa que fez da minha intervenção neste momento e queria dizer a todos os Srs. Deputados que nunca poderia usurpar poderes que são da Assembleia.

Nesta intervenção final pretendia apenas manifestar a esta Câmara três sentimentos.

A Sra. Zita Seabra (PCP): - De pêsame?!

O Orador: - ... de honra em ter participado neste debate: que foi um debate democrático e uma maratona. Chegámos ao fim destes três dias cansados, com alguns deputados a pedirem mais tempo, mas foi um debate de que resultou, a meu ver, a vitória da democracia e a vitória sobre quem acusa esta Câmara de ler discussões estéreis.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - De muitas discussões que aqui ouvi colhi ensinamentos e motivos para meditação.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Também um sentimento de agradecimento, em nome do Governo, às melhorias que esta Câmara introduziu nas propostas de lei apresentadas p ao apoio concreto à unidade com o Governo que a maioria aqui manifestou em termos doutrinários e objectivos, sinal de que alcançámos uma fase de estabilidade política bem necessária e bem indispensável à vitória sobre as dificuldades que assolam o nosso país.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Ainda um sentimento duplo de convicção e de certeza, certeza de que no próximo ano a discussão vai ser melhor.

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Não vai haver seca!

O Orador: - O Governo cumprirá a sua promessa de apresentar a tempo a esta Assembleia o Orçamento e o Plano para 1982. Esperamos que seja possível nesta Assembleia organizar os debates como VV. Exas. melhor entendam, mas com a certeza de que contarão com a nossa permanente disponibilidade.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Sem o Governo da AD!

O Orador: - A certeza ainda de que estes documentos, com tantos epítetos favoráveis e desfavoráveis que saem desta Câmara, e que são fundamentais para o porvir colectivo dos Portugueses vão ser, conforme esta Câmara os votou, rigorosa e eficazmente executados pelo Governo e que da execução que deles o Governo fará vai resultar um decisivo contributo para o que todos ambicionamos, que é o desenvolvi-