Em segundo lugar, a política de saúde é uma política de carácter global, e a saúde é um tema incíndivel, não se podendo desligar as questões umas das outras porque elas se encontram interligadas. E, neste contexto, pergunto-lhe se entende que os hospitais do cancro devem ou não ser integrados no Ministério dos Assuntos Sociais, em vez de continuarem dependentes do Ministério da Educação e Ciência.

São apenas estas questões muito simples que agora levanto, esperando eu, e certamente a Sra. Deputada também, que a questão possa ser discutida na próxima interpelação e em outras oportunidades.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Ernesto de Oliveira.

saúde do nosso povo? Era esta a primeira pergunta.

A segunda, muito simples, é a seguinte: existe em Évora o Hospital do Patrocínio, uma obra hoje orçamentada em milhões de contos, que o governo AD, nas vésperas das eleições, entregou ao Hospital Distrital de Évora, numa atitude de clara demagogia:

Gostaria de ouvir a opinião da Sra. Deputada sobre qual é o papel que este Hospital do Patrocínio - que tem uma função exclusivamente oncológica, ou, pelo

menos, foi para isso predestinado - deve ter e quais os esforços que o actual governo está a desenvolver, nesse sentido e se se integram dentro desse plano.

A terceira e última pergunta, é a seguinte: quem vai constituir a Comissão de que a Sra. Deputada falou, quem são as pessoas que vão ser nomeadas para ela, por que critérios e com que finalidades, qual o objectivo que se visa? As pessoas irão para lá por mérito próprio ou por exclusiva indicação partidária, nomeadamente através do Governo e dos partidos que o apoiam? Ou seja, não será esta Comissão apenas uma forma de calar algumas vozes, arranjando mais uns quantos lugares - uns tachos - para alguns amigos, de forma a calar realmente essas vozes?

Eram estas as questões que lhe queria pôr.

Aplausos de alguns deputados do PCP.

O Sr. Presidente: - A Mesa não registou mais nenhum pedido de esclarecimento, portanto, tem a palavra a Sra. Deputada Dinah Alhandra, para responder.

A Sra. Dinah Alhandra (PSD): - Não posso deixar de lamentar que a Sra. Deputada Zita Seabra, com a habitual agressividade do Partido Comunista Português, se atreva a classificar de demagógica a abordagem de um problema que faz verter lágrimas em muitos lares portugueses.

Aplausos do PSD e de alguns deputados do CDS.

Quero esclarecer também - e nesta resposta refiro-me aos três Srs. Deputados que me interpelaram - que não fiz esta intervenção como técnica de saúde.

Srs: Deputados, eu de saúde só sei os problemas que me são apresentados, e este problema da profilaxia do cancro foi-me apontado por um grupo de eleitores do círculo eleitoral de Lisboa, e foi por isso que eu o trouxe a esta câmara e me dediquei durante longas horas à sua preparação. Aliás, a Sra. Deputada Helena Cidade Moura disse-me no outro dia que uma pequena intervenção lhe tinha levado cerca de trinta horas a preparar, e, portanto, os Srs. Deputados podem calcular que esta também não levou pouco tempo.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

A Oradora: - No entanto, não tenho, de modo algum, pretensões de perceber de saúde, a ser técnica de saúde.

Começo por lembrar aos Srs. Deputados que repetidamente remeti este assunto para o relatório da Comissão Interministerial Permanente para a Coordenação da Assistência Oncológica. Esse relatório a que me referi é datado de 1979, sendo, portanto, anterior aos governos AD, o que, por si, me parece que seria suficiente para acalmar os receios do Sr. Deputado José Ernesto quanto à composição dessa Comissão.

O governo AD não fez qualquer nomeação para essa Comissão, ela existe, elaborou o seu trabalho e, que eu saiba, mantém-se, não foi cancelada nem foi obliterada. Portanto, não há ocasião para arranjar «tachos», o que, de resto, não é prática do PSD nem dos governos da AD.

Vozes do PSD: - Muito bem!