vida de uma população - os nossos índices obtêm comparação com os dos países europeus há cerca de vinte e trinta anos.

Encontramo-nos assim nesta matéria em relação à Europa no pós-guerra.

O diagnóstico da situação é pois grave e o prognóstico reservado se não forem tomadas medidas terapêuticas corajosas, exequíveis e adequadas.

Para a UEDS a construção da clássica pirâmide de saúde tem obviamente de iniciar-se pela base - os cuidados primários de saúde.

Para a UEDS não é concebível que se inicie (como parece ser a vontade da actual maioria parlamentar) tal construção pelo vértice.

Arriscar-nos-íamos assim a curto prazo a constatar uma derrocada e a falência do investimento. E o grave é que mais uma vez quem pagará as consequências de tal política serão as classes mais carenciadas de cuidados de saúde.

É pois necessário que claramente cheguemos a um consenso sobre a necessidade de se considerarem os cuidados primários de saúde não como óptica maléfica de alguns espíritos perversos, mas sim como a solução correcta do problema como aliás tem sido provado pelas experiências feitas em todo e qualquer país onde, independentemente da ideologia política dos seus governantes, se pense realmente e com lucidez que o essencial tanto do ponto de vista da qualidade de vida do cidadão como do ponto de vista económico é promover a saúde, prevenir e cuidar da doença e reabilitar a deficiência por ela provocada...

Vários riscos se correm, contudo, neste momento que nos fazem prever um prognóstico reservado e as medidas terapêuticas que vêm sendo aplicadas ou sugeridas apenas contribuem para um agravamento do estado de saúde do doente que é este país.

O que temos visto?

Em primeiro lugar, inexistência de uma real política de saúde. Existem apenas medidas fraccionadas quantas vezes contraditórias e frequentemente demagógicas. Tais medidas têm sido apresentadas não com a preocupação pedagógica de informar e formar os cidadãos, mas ao contrário de uma forma tantas vezes manipuladora e abusiva.

Vozes da UEDS: - Muito bem!

O Orador: - Esconde-se o diagnóstico ao doente e criam-se-lhe falsas esperanças.

Alguns exemplos: afirma-se que o utente será atendido de forma mais humanizada e eficiente nos serviços de atendimento permanente, mas mais não se fez do que transplantar para outros locais os mesmos vícios já existentes nos Serviços Médico-Sociais e nos bancos dos hospitais.

Vozes da UEDS e do PS: - Muito bem!

O Orador: - Inventou-se mais um balcão de receitas por onde o doente terá de passar.

Mais: quando nos países europeus, face ao clima económico frio que se vive desde 1972, o sistema convencionado é posto seriamente em causa propõe-se espantosamente para este país economicamente débil uma gentil imitação.

Vozes da UEDS e do PS: - Muito bem!

1.ª Criação urgente de um sistema de saúde cuja base seja constituída por uma rede integrada de cuidados primários de saúde;

Vozes da UEDS e do PCP: - Muito bem!

O Orador

2.º Criação de condições que permitam a fixação dos técnicos de saúde em tempo completo e dedicação exclusiva nas instituições de saúde.

Vozes da UEDS: - Muito bem!

O Orador

Evidentemente que esta medida implica a profissionalização dos médicos nas instituições de saúde.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador. - No referente ao primeiro ponto e para não ferir susceptibilidades ideológicas de alguns, dir-lhe-emos que o consenso é universal. Por exemplo, nos EUA criaram-se dezenas de departamentos de medicina comunitária e de medicina da família nas faculdades de medicina.

Construíram-se e equiparam-se milhares de centros de saúde prioritariamente nas zonas mais desmedicalizadas. Mais perto de nós, o Conselho da Europa aprovou em 1977 a resolução sobre o clínico geral, elemento essencial para o desenvolvimento harmonioso e eficaz deste tipo de política de saúde.

Finalmente, em 1978 em reunião promovida pela OMS e pela UNICEF foi consagrado o princípio da relevância dos cuidados primários de saúde sobre qualquer outro sistema, isto se os países, independentemente dos sistemas de orientação política e económico preponderantes, pretenderem de facto o bem-estar das populações, dado que a saúde dos Portugueses não é propriedade dos partidos e muito menos do Governo.

Vozes da UEDS, do PS, do PCP e do MDP/CDE: - Muito bem!

O Orador. - As medidas propostas pela conferência da OMS e UNICEF foram e estão a ser aplica-