A adopção de um regime convencionado só é possível e economicamente aceitável se cessar por completo o actual assalariamento...

Neste momento o Sr. Ministro dos Assuntos Sociais troca algumas impressões com o Sr. Secretário de Estado da Saúde.

Bom... quando o Sr. Ministro acabar de falar com o Sr. Secretário de Estado continuo, porque senão estou a interpelar o quê?

É que depois não responde aqui às minhas perguntas e vai responder para a Televisão e a seguir vem cá e diz: «Mas eu já disse na Televisão!...» É que nós estamos aqui para dialogar e espero que responda às perguntas muito concretas que lhe colocamos. Aliás, eu, na minha intervenção, fiz treze e até agora ainda não responderam a nenhuma.

Mas eu repito: disse o Sr. Secretário de Estado que isso da convenção é uma coisa normal, que há em todos os países e depois misturou convenção com pagamento à peça, que são duas coisas diferentes. Sr. Secretário de Estado, e se não são eu explico-lhe.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

Nós não estamos em desacordo em que haja convenções, estamos em desacordo, isso sim, é em que se coma nos dois carrinhos, Sr. Secretário de Estado, e é isto que o Governo tem de explicar.

Está de acordo com as convenções, então acabe com o assalariamento; está de acordo com o assalariamento, então acabe com as convenções. Agora, vir-nos falar em sector privado e em sector público quando são os mesmos médicos que estão no público e no privado, quando a concorrência é entre os mesmos profissionais que estão de manhã nos hospitais - às vezes!... - que nós visitamos...

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, o Sr. Secretário de Estado conhece muito bem o hospital que visitamos, onde, por exemplo, há um serviço onde os médicos são 14 e em que em cada dia está só um que assina o papel em nome dos outros todos, faz a assinatura dos outros todos...! E se o Sr. Secretário de Estado quiser eu digo-lhe qual é o serviço.

Vozes do PCP: - Muito bem!

isse o Dr. Gentil Martins numa entrevista à Ordem dos Médicos, ou o que o Sr. Secretário de Estado acaba de dizer agora?

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Sr. Secretário de Estado, há mais oradores inscritos para pedirem esclarecimentos a V. Ex.ª O Sr. Secretário de Estado poderá responder sucessivamente a cada um deles ou poderá responder no fim, em conjunto.

Posso informar a Câmara que além do Sr. Deputado Mário Tomé, que vai em seguida usar da palavra, há mais quatro oradores inscritos para pedirem esclarecimentos.

A Mesa pede a V. Ex.ª o favor de a informar se pretende responder agora aos pedidos de esclarecimento de que foi objecto ou se se reserva para responder no final a todos.

O Sr. Secretário de Estado: - Respondo no fim em conjunto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Há pouco tinha-me inscrito para pedir esclarecimentos ao Sr. Ministro mas, por, acaso, a Mesa não detectou o meu gesto. Assim, como o assunto a que me queria referir diz respeito tanto ao Sr. Ministro como ao Sr. Secretário de Estado, vou integrar os dois pedidos de esclarecimento.

No entanto, antes de formular os pedidos de esclarecimento queria fazer notar uma «pequena» diferença, que não é nada subtil, entre a opinião do Sr. Ministro e a opinião do Sr. Secretário de Estado, na medida em que o primeiro alega que as intervenções que foram feitas aqui não dizem respeito à política de fundo - são casuísticas, vão ao pormenor, o