digo, fazendo um pouco de ironia e tendo em conta a experiência da situação que ainda vivemos- que estas carreiras médicas, no fundo, sejam uma espécie de "carreiras" para onde os médicos de Lisboa, do Porto e de Coimbra entram às 9 horas da manhã, metem-se na "carreira", fazem uma digressão pelo seu distrito e regressam ao fim da tarde, a tempo de jantarem e ainda por cima de ver a telenovela, se chegar em a tempo. Serão talvez "carreiras" de mera circulação com a partida e regresso ao mesmo sítio.

Vozes do PS: - Muito bem!

as há mais: anteontem estive no Entroncamento, onde, por exemplo, se fizeram 300 partos em 1979, e o ano passado, 11. E fizeram-se 11 apenas porque as pessoas perderam a confiança nos serviços, pois não há sequer um cirurgião no Hospital.

Mais ao lado, na Chamusca, temos um hospital com uma maternidade e uma sala de operações que nunca foram inauguradas, que estão completamente abandonadas, embora 'bem equipadas, inclusivamente com incubadoras.

Mas a seguir, em Almeirim, temos uma maternidade que funciona, mas que não tem incubadora e está apenas a 15 km.

Penso, Sr. Ministro, que estes são problemas fáceis de resolver e que nem sequer precisam de grandes projectos ou de grandes planos políticos, precisam apenas, isso sim, de uma boa gestão.

Vou terminar fazendo uma generosa oferta ao Governo, uma oferta que vale 400 000 contos e que me é muito agradável fazer neste momento. Mas eu explico: o Sr. Ministro disse aqui que uma cama de um hospital central custa 4000 contos, pois no piso 9 do Hospital de S. José, que o Sr. Ministro conhece bem porque trabalhou lá, foi construída completamente de novo uma estrutura para enfermaria com capacidade para 100 camas. Está tudo feito, basta comprar apenas as camas - e são mesmo apenas as camas e os colchões que faltam -, pôr lá a electricidade, e o Sr. Ministro e a cidade de Lisboa passam a dispor de mais uma enfermaria com 100 camas, que, de acordo com as suas contas, vale 400 000 contos e que está paralisada há três anos por negligência da Direcção-Geral das Construções Hospitalares.

O Sr. Pedro Roseta (PSD>: - Há três anos?! ...

O Orador - É verdade, Sr. Deputado. Aliás, fiz um requerimento ao Governo sobre este assunto - foi mais um dos requerimentos que fiz ao Governo -, mas ainda não obtive resposta. Portanto, esta é a informação que obtivemos no Hospital de S. José.

E com esta oferta, Sr. Ministro, julgo ter contribuído, embora modestamente, para a resolução das preocupações orçamentais do seu Ministério. Espero que para o futuro, com o melhor aproveitamento das estruturas, se consigam resolver alguns problemas no campo da saúde.

Aplausos do PS, do PCP, da ASDI. da UEDS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jaime Ramos.

O Sr. Jaime Ramos (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar, quero dizer que concordo genericamente com a primeira parte da intervenção do Sr. Deputado José Niza, quando defendeu um estreitamento de relações e de colaboração entre o Governo e esta Assembleia.

Mas, por outro lado, lamentamos que tenham sido feitas algumas críticas ao Sr. Ministro dos Assuntos Sociais, nomeadamente por não ter comparecido e se ter feito representar numa reunião da Comissão de Segurança Social, Saúde e Família pêlos Secretários de Estado do Ministério dos Assuntos Sociais.

De facto, nessa reunião notou-se um absentismo muito grande de parte dos membros da Comissão, e inclusivamente o seu presidente o deputado José Niza- não esteve presente a toda a reunião, alegando que tinha outros assuntos, talvez mais importantes, na sua agenda. Não vejo como é que se pode criticar um ministro por não ter comparecido quando o presidente da comissão, aquele que estava a criticar, dá o exemplo e não está presente a toda a reunião.

Vozes do PSD: - Muito bem!

A Sr.ª Zíta Seabra (PCP): - É incrível.

O Orador: - Em relação à nova enfermaria do Hospital de S. José, só quero lembrar à Câmara que de facto as obras estão paradas há cerca de três anos, mas que herdámos essa paragem dos governos socialistas.

plausos do PSD.

O Sr. António Arnaut (PS): - Isso não é verdade e o senhor sabe-o muito bem!

O Sr. Presidente: - Antes de interromper os nossos trabalhos, devo informar o Grupo Parlamentar do Partido Socialista que já esgotou o tempo de que dispunha e que, portanto, não posso conceder a palavra a mais nenhum dos seus deputados.

Está suspensa a sessão.

Eram 17 horas e 35 minutos.