O Orador: - O PS já devia saber que a incoerência se paga caro em resultados eleitorais.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O PCP, de resto, coerentemente com a posição assumida aquando da discussão do Serviço. Nacional de Saúde renega-as. Mas, Srs. Deputados do PCP, qual o país que não possui taxas moderadoras? Qual o país do Leste que as possui inferiores às nossas?

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Todos!

O Orador: - Desconhecem que estas taxas tão inferiores às preconizadas em estudos feitos pelo Governo da Sr. Pintasilgo, que tantas saudades vos merece?

Vozes do PSD: - Muito bem! Protestos do PCP.

O Orador: - Abusou, na sua intervenção, a deputada Zita Seabra ao perguntar se o Governo e a maioria tinham vergonha. Como não haveríamos de ter vergonha, se houvesse motivo para isso - o que não acontece -, uma vez que o monopólio da falta de vergonha pertence a outros.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Foi profícua a oposição na defesa da sua dama, o seu Serviço Nacional de Saúde. Não me alargarei no tema, uma vez que iremos ter um debate sobre ele aquando da discussão da proposta de lei de bases do Serviço Nacional de Saúde do Governo. No entanto, pretendo lembrar-lhes só uma pequena verdade. Existem duas maneiras de se encarar um Serviço Nacional de Saúde: uma, socializante nas palavras, que nada mais conseguirá do que deteriorar os serviços e logo fomentar a medicina privada em benefício dos barões da medicina - para utilizar a designação do Sr. Deputado António Arnaut. É o que acontece nos países totalitários de além da cortina de ferro.

Protestos do PCP.

Talvez por isso apareçam a advogar esta causa ilustres médicos que sempre fizeram bem remunerada medicina privada.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e protestos do PCP.

A outra é melhorar os serviços, humanizando-os, beneficiando os utentes e os trabalhadores, e logo, realmente socializante, porque diminuirá a procura da medicina privada pêlos doentes.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - É um jovem tão velho!

O Orador:-É esta ideia que perfilhamos.

Não o radicalismo esquerdista, mas um pragmatismo com base no bom senso. Neste serviço, de saúde deverá sempre existir a igualdade de acesso aos diferentes cuidados.

Não pretendo terminar sem fazer uma pequena retrospectiva do debate provocado pela interpelação do PCP.

Durante o debate, para além de focar alguns assuntos pontuais, a oposição ficou-se pelo fait divers, pela oratória parlamentar grandiloquente de um conde de Abranhos. Afirmou a oposição que possuía uma alternativa, é redondamente falso!

A sua proposta não é exequível nem é realista. Não é pois uma alternativa, é só uma teoria utopista.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Este debate não pode ser comparado a um jogo. Foi desequilibrado de mais. De um lado uma equipa da 1. divisão -o Governo; do outro uma equipa da 3. divisão distrital - o PCP.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e protestos do PCP.

E de nada valeram a pena os reforços de última hora, e -repito, Sr. Deputado José Ernesto de Oliveira, que ouvi sempre com bastante atenção-, de nada valeram os reforços de última hora para estes dois dias nas bancadas da oposição. Como afirmou o Sr. Deputado António Arnaut o povo português tem o governo que quer.

O Sr. António Arnaut (PS): - Mas não tem o Governo que merece!

O Orador: - Lamento que não tenha a oposição que merece.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Parte da oposição democrática até se dignou aproveitar este debate - veja-se o cúmulo - para lançamento de figuras do seu partido, em autêntica campanha eleitoral para as suas secundárias internas!'

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Outros oradores já demonstraram a falta de motivos do PCP para provocar este debate. Porque o provocou então? Para derrotar o Governo? Para servir de ensaio a uma moção de censura?, Parece que não. Afirmou a Sr. Deputada Zita Seabra que o PCP não pretendia derrubar o Governo mas só torná-lo mais doente. Não o conseguiu Sr. Deputada!

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Nota-se, nota-se!

O Orador: - O Governo saiu reforçado perante a opinião pública e, ao contrário

do que afirmou a oposição, demonstrou coesão e coerência.

Risos do PCP.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O apoio da maioria foi claro, não seguidista mas dinâmico.

Que pretende então o PCP uma vez que tinha consciência da sua fragilidade