pré, e não apenas relativamente a este assunto - que, enfim, possivelmente lhes pesa por alguma razão -, e dada a perda de tempo e o aumento de esforço a que é obrigado cada deputado, verificam-se as noticias que depois saem cá para fora desta Assembleia.

Uma voz do PSD: - Isto é o que faltava: um deputado a dizer mal dos outros!

Protestos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, a UDP vai votar favoravelmente o voto apresentado pela UEDS.

A posição da UDP em relação quer ao assassinato de Bobby Sands quer à luta do povo irlandês contra o colonialismo britânico é conhecida. Já tive hoje oportunidade de fazer uma intervenção política na qual, mais uma vez, a ela me referi. Na manifestação de ontem, onde estiveram milhares de pessoas, bastantes milhares de pessoas, foi lido um poema de Brecht que dizia assim:

O homem que luta um dia é bom. O homem que luta vários anos é melhor. O homem que luta toda a vida é melhor ainda. Os homens que dão a sua vida pela luta saio os indispensáveis.

Bobby Sands era um dos homens indispensáveis, como são, aliás, todos os seus companheiros que estão neste momento também em risco de perderem a sua vida pela luta do seu povo. E por isso que a UDP não pode deixar passar em claro e de lamentar que se pretenda dar um apoio, tal como algumas forças políticas pretendem dar, puramente humanista a Bobby Sands e aos seus companheiros. E que uma coisa não está desligada da outra. Os assassinatos, as violações aos direitos das pessoas não são independentes da política dominante, da política que se pratica. É isto que a UDP não pode deixar de escamotear, é isto que a UDP deixou bem claro na sua declaração política feita há' pouco. A violação dos direitos do homem é feita pelas políticas que pretendem manter os estados de exploração sobre os homens.

E isto que tem que ficar claro. Porque falar dos direitos humanos, falar dos direitos do homem, todos falam...

Foi até Cárter quem lançou o slogan, enquanto os Estados Unidos apoiavam todas as ditaduras, desde que isso lhes convenha e convenha aos monopólios e às multinacionais que fazem posto de comando na América do Norte.

Portanto, para a UDP a questão de Bobby Sands e dos seus companheiros está intimamente ligada à luta pela liberdade do povo irlandês, está intimamente ligada à luta contra a política colonialista e agressiva da Grã-Bretanha, representada neste momento pela Sra. Tatcher. Mas também não podemos deixar em claro que a lei contra a qual lutam, como eu há bocado disse, os presos políticos irlandeses é uma lei elaborada quando os trabalhistas estavam no Governo. É o sistema capitalista que reforça a repressão sobre os trabalhadores, sob a ânsia de liberdade dos povos. É contra isto que a UDP se insurge e é contra isto que a UDP apoia a luta do povo irlandês e dos heróicos soldados republicanos que se batem pela liberdade.

O Sr. Ribeira e Castro (COS): Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Ribeiro e Castro

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Ribeiro e Castro (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sem prejuízo do pesar e do respeito pelo Sr. Deputado Robert Sands, eu gostava de perguntar ao Sr. Deputado Mário Tomé o seguinte: o Sr. Deputado falou de assassinato de Robert Sands; em que é que se fundamenta para usar a palavra assassinato?

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Mas você matou muitos em África. Você não sabe de nada.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - É para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - É para chamar a atenção da Mesa, que concedeu indevidamente a palavra ao Sr. Deputado Ribeiro é Castro. Como o Sr. Presidente sabe, no debate dos votos, não há pedidos de esclarecimento.

No entanto, devo dizer-lhe que concordo com a decisão da Mesa, porque não tenho o entendimento do Regimento que parecem ter as bancadas da maioria. Só que a maioria tem esse entendimento unilateralmente. Quando se trata de um deputado da oposição falar mais trinta segundos, soam os tampos das carteiras das bancada da maioria. Quando é a maio-