ria a abusar do Regimento, isso é perfeitamente pacífico e normal.

Aplausos da UEDS do MDP/CDE e de alguns deputados do PS.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Dá-me licença?

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Lopes Cardoso: Eu queria dizer que outro dia fiz uma declaração de voto e que foi da sua bancada que se pediram esclarecimentos e se fez um protesto. Nesse dia o mesmo Presidente que está hoje na Mesa disse que não havia nada no Regimento que proibisse um deputado de pedir esclarecimentos e fazer protestos contra uma declaração de voto.

Duas medidas, dois pesos não lhe ficam bem a si, ficam bem aos deputados do seu grupo parlamentar.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Costa Andrade.

O Sn Costa Andrade (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Entende o PSD que os acontecimentos que culminaram com a morte do jovem deputado. Bobby Sands são complexos de mais paira nos permitirem a ligeireza de uma valorização linear que seria necessariamente reducionista ou simplista.

Assumiram uma densidade grande de mais para nos permitirmos ceder à tentação fácil da sua instrumentalização ou da sua contabilização numa qualquer mesquinha contabilidade político-eleitoral interna.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E são, por outro lado, tão inquietantes e tão provocantes que não se compadecem com a hipocrisia de quartos, com as mãos tintas de sacrifícios feitos nos, altares do Gulag, rasgam as vestes de indignação, ...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: -... como se de súbito tivessem encontrado a estrada de Damasco dos direitos do homem.

Vozes do PSD: - Muito bem!

primeira vista nos oferece uma reflexão serena sobre o caso. Mas a elas nos agarramos com todas as forcas da alma.

Em primeiro lugar, a certeza do profundo respeito que nos merece a coragem de quem - no início da vida e na plenitude da esperança - leva até ao fim o empenhamento existencial numa causa que era a sua. O respeito pararreligioso que nos merece uma figura que, de forma irresistível, nos evoca uma figura de Antígona, que, desde os alvores da nossa civilização, se pérfida no horizonte cultural e moral como um desafio e como uma acusação, com a diferença evidente que separa uma figura arrancada da teogonia mitológica e uma figura arrancada à carne do nosso quotidiano.

Em segundo lugar, a certeza inabalável na nossa firme recusa da acção violenta como forma humanamente intolerável de prossecução de objectivos políticos, ...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - ...por mais nobres que estes se afigurem. Recusa tanto mais veemente quanto mais indiscriminada e cega for a vidência e quanto mais ela se fizer à custa do holocausto gratuito e absurdo de inocentes. Recusa que não pode obviamente deixar de estender-se a acções como as que ocorreram na madrugada de ornem em Lisboa, que só podem contribuir para alimentar a espiral da violência, do ódio e da intolerância.

Em terceiro lugar, a certeza nos ensinamentos da história, segundo a qual nunca se perderam os sacrifícios em favor das causas justas. Temos para nós que o - futuro será da democracia e da tolerância; que triunfarão em definitivo sobre todas as formas de violência estrutural mais ou menos larvada, mais ou menos sólida; sobre todas as formas de opressão das minorias nacionais, étnicas, políticas ou religiosas, sobre todas as formas de assegurar o império, sobre as botas cardadas, os panzers, o genocídio e a ditadura.

Por estas razões, Sr. Presidente e Srs. Deputados, e porque delas decorrem algumas divergências não despiciendas entre estas razões e o voto apresentado pela UEDS, nós não poderemos subscrever esse voto, apresentando um voto próprio, que será a seu. tempo votado.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Como não há mais pedidos de inscrição, passamos de imediato à votação do voto de pesar apresentado peia UEDS.

Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD, do CDS e do PPM e os votos a favor da UEDS, do PS, do PCP, da ASDI, MDP/CDE e da UDP.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Mendes.

O Sr. Manuel Mendes (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começo por me solidarizar com as