A Sra. Mariana Lanha (PCP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como deputada comunista, democraticamente eleita pelo distrito de Beja, e como trabalhadora agrícola, a quem foi dado conhecer a fome, a miséria, e a exploração desenfreada levada a cabo pelos grandes agrários contra as classes laboriosas do campo, consciente da situação de desemprego em que muitas famílias de trabalhadores agrícolas se encontram presentemente, sinto todo o direito para perguntar hoje e aqui, na Assembleia da República, para onde nos quer levar este Governo.

Vozes do PCP: - Muito bem!

abandonadas, como seja o caso da Horta da Choupana, de João Coelho, onde os frutos de 600 laranjeiras e toda a azeitona do olival não foram apanhados.

Na Morgadinha, propriedade do mesmo agrário, não se apanhou a azeitona. A herdade da Foz, de Luís Carvoeiras, está abandonada, não se apanhando a azeitona. Na aldeia dos Testúdios, do Sr. Francisco das Faias, bem conhecido dos trabalhadores, por se destacar no assalto às UCPs/cooperativas, não se apanhou a azeitona no olival de Vale Figueira e nas Herdades Alpendres e Manuéis, do mesmo agrário, encontra-se tudo abandonado.

Na Quinta do Patufo, de Margaça e Damião, só uma parte do olival foi apanhada (três partes ficaram por apanhar!).

E muitos mais crimes foram praticados pelos agrários contra á economia nacional, como, por exemplo: na Herdade, da Chila, entregue ilegalmente a Maria da Consolação Pulido Garcia, uma malhada para 80 porcas criadeiras está abandonada desde 30 de Março de 1980; na Herdade de Casqueiros, da Sociedade dos Marianos, desde 2 de Abril de 1980, uma malhada para engorda de 500 porcos está abandonada; na Alpendres, do agrário António Ascensão Cabral, uma malhada para 80 porcas criadeiras está abandonada desde 30 de Março de 1980; na Herdade da Torre, desde 10 de Maio de 1980, estão abandonadas uma vacaria para 100 vacas, uma malhada para 50 porcas criadeiras e 500 de engorda da famigerada Sociedade Agrícoda de Pias, que tem a Horta da Parreira e o Monte Velho semeados de trigo, desprezando a exploração de produtos hortícolas; na barragem do Monte da Velha, do conhecido latifundiário Evaristo Madeira, nem um metro se encontra preparado para regadio.

Se hoje, Srs. Deputados, existe desemprego no Alentejo, na zona da Reforma Agrária, a culpa é dos sucessivos governos, mais destacadamente do governo AD.

Na UCP onde eu trabalhava 300 mulheres diariamente ali ganhavam o seu pão. Hoje não trabalha lá nenhuma, porque só a esta UCP foram roubados 6000 ha de terra, 5050 cabeças de gado, 30 tractores e muitas dezenas de alfaias.

Aqui está um exemplo do ódio da AD e do seu governo contra os trabalhadores, contra as mulheres da Reforma Agrária.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: «É mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo» - diz-se em toda a parte, mas agora parece que é mais fácil apanhá-los no governo AD.

Risos do PSD e do CDS.

Terminadas as campanhas eleitorais, vieram a terreiro confirmar aquilo que nós, comunistas, sempre dissemos. Alertámos os trabalhadores e os pequenos agricultores para que a distribuição de terras não passava de uma manobra AD para obter no mais curto espaço de tempo os maiores ganhos eleitorais.

Acabaram-se as eleições. A máscara da demagogia caiu. Ei-los ao ataque.

Em Gasparões, Ferreira do Alentejo, o MAP acaba de deixar 18 famílias de pequenos agricultores na miséria, retirando-lhes a terra que exploravam desde o 25 de Abril e entregando-a a Armando Pinto, engenheiro de profissão, que traz mais 200 ha de renda.

Esta é a política da AD, que fomenta o desemprego, a miséria e a fome de trabalhadores agrícolas e pequenos agricultores.

Este governo não serve o povo nem o País.

As mulheres da Reforma Agrária saberão dar o seu contributo na luta por uma viragem democrática na vida nacional

Aplausos do PCP, do MDP/CDE e de alguns Deputados do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Lage, poderá dizer-me para que efeito pediu a palavra?

O Sr. Carlos Lage (PS):- Sr. Presidente, não sei se nos sobejou algum minuto da intervenção do Sr. Deputado José Luís Nunes. No caso de tal ter acontecido, gostaria de o utilizar.

O Sr. Presidente: - Restou um minuto, Sr Deputado. Portanto, pode dispor dele.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Esse minuto basta-me para assinalar a relativa indiferença com que esta