O Orador: - Primeiro problema: recentemente, o Sr. Deputado do PSD Amândio de Azevedo veio aqui congratular-se por mais uma façanha do Governo, que consistiu em definir métodos de intervenção para resolver o problema da batata. Nessa altura, foi criticada a intervenção do Sr. Deputado Amândio de Azevedo porque o Governo não tinha definido quais seriam os preços de intervenção a que a batata seria paga, e por conseguinte os agricultores ficariam numa situação, de incerteza e de indefinição quanto ao preço que receberiam pela batata que resolvessem manifestar para beneficiarem dessa intervenção.

Passou o tempo e o Governo nada fez. Os agricultores continuam sem saber qual o preço de intervenção. Não sabem se é de 7$50 - insuficiente, como eles já tinham dito -, se é de mais ou se é de menos.

Os agricultores aspiram, legitimamente, a um preço de 10$/kg, só que o Governo não toma medidas e a batata continua ou a estragar-se no armazém dos agricultores ou a ser vendida ao desbarato. Por isso, os agricultores em vez de se congratularem com as viagens ministeriais que acaba de referir o Sr. Deputado do CDS protestam, têm feito manifestações e têm criticado a acção do Governo.

O Sr. António Vitorino (UEDS) - Muito bem!

contribuir para que se agrave. Os agricultores do Norte e do Centro do País estão a ser desencorajados de produzir esse bem essencial, que abastece os consumidores a preços acessíveis, porque não lhes é dada garantia de escoamento nem lhes é dada garantia de preços.

Aqui, e concretamente, o Governo não serve os agricultores, não os protege, mas deixa-os entregues aos mecanismos cegos do mercado, deixa-os entregues à sua sorte, funciona contra os agricultores.

Aqui tem, Sr. Deputado João Morgado, um caso concreto que prova o contrário daquilo que o senhor disse.

Segundo problema: o caso das rações para o gado. As rações subiram só de uma assentada 400%! Isto representa, segundo alguns cálculos. 73 % na subida

dos preços de custo à produção de carne! Naturalmente que os criadores de gado estão em dificuldades porque os preços das rações subiram astronomicamente e o preço a que vendem a carne já é insuficiente para compensar os custos. E é claro que, simultaneamente e com razão, o consumidor se queixa do aumento do preço da carne. Dou-lhes o exemplo do frango e dos ovos, que estão neste momento a preços inacessíveis justamente por causa dessa subida astronómica do preço das rações.

Este governo não faz as coisas com suavidade. Isso era antes das eleições, agora é à bruta. Podia subir os preços das rações 10%, 15%, gradualmente. Mas não, faz sofrer de uma vez. Trata os agricultores a dose de cavalo e depois ainda vem dizer que protege os interesses dos agricultores.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por isso os agricultores protestam. E veja-se o caso do que está a acontecer hoje em Mirandela, onde há uma manifestação de agricultores contra a política do MAP, contra a política do Governo. Ontem houve outra manifestação em Leiria pelos mesmos motivos. Os agricultores protestam contra a subida das rações, protestam contra a subida de todas as matérias-primas de que necessitam para desenvolver a sua actividade.

Terceiro problema: hoje, em Mirandela, também n manifestação se está a verificar por o Governo ter prometido subsídios à agricultura por causa da seca. já ter determinado a concessão desses subsídios há quase dois meses e os agricultores ainda não receberam nem um tostão desses subsídios prometidos.

Os agricultores protestam e manifestam-se ao contrário desse ambiente de festa, de que o Sr. Deputado do CDS acaba de falar, em que foi recebido o Sr. Ministro Basílio Horta e que nós bem sabemos como é orquestrado, como é preparado com foguetes, com flores e com colchas nas sacadas e nas janelas, à boa maneira antiga.

O Sr. António Arnaut (PS): - Muito bem!

O Sr. Silva Graça (PCP): - Fascistas!

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