cão que é definido mas também na capacidade dos organismos de captação dos excedentes funcionarem a tempo.

Por outro todo, é óbvio, o preço de intervenção tem de ser minimamente compensador. Só assim se avalia se o preço de intervenção é ou não é correcto, é ou não é positivo.

Ora, como este Governo declara os preços de intervenção fora de tampo, com ambiguidades, sem dar garantias ao agricultor, isto leva o agricultor a uma atitude de cepticismo e a tentar vender melhor o seu produto, como acontece com a batata. Ao contrário do que disse o Sr. Deputado Aurélio Mendes, o preço de intervenção da batata é insuficiente, não compensa o agricultor.

É claro que a produtividade da batata em Portugal é baixa, é de 7000 kg/ha, ao passo que na CEE é de 8000 kg/ha, em média. Mas o Governo também nada faz para contribuir para o aumento da produtividade da batata. Não tem sobre isso nenhum esquema, não tem sobre isso nenhuma orientação.

Portanto, pronunciei-me sobre os preços de intervenção. Eles têm de ser oportunos, têm de dar Confiança ao agricultor e têm de ser eficazes, o que não acontece com a política de intervenção deste Governo.

Quanto à questão dos cereais, Sr. .Deputado, já lhe disse que a questão dos cereais é também uma questão importante e tem de ser analisada através de um plano de intensificação cultural. É possível que algumas áreas de produção de trigo, por exemplo, tenham de ser reduzidas e que se fomente a produção por hectare. Só assim se pode resolver o problema do trigo.

É necessário que aumente também a produtividade do milho por hectare, o que implica intensificação cultural, reconversão ...

Cortada a palavra ao orador pelo controle automático de tempo.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Ultrapassei a barreira do som!

O Sr. Presidente: - Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Lopes, mas peco-lhe que seja rápido, pois estamos mesmo a atingir o fim do período de antes da ordem do dia.

O Sr. Mário Lopes (PSD): - Vou ser muito rápido Sr. Presidente, pois são apenas duas questões.

O Sr. Deputado Carlos Lage proeurou mais uma vez, fazendo um ziguezague às minhas perguntas, não responder a elas.

No que diz respeito à batata, não falei na intervenção que está programada para 1980-1981. Falei, sim, na intervenção feita pela Junta Nacional das Frutas para a batata de 1980.

Outra questão que não esclareceu, é possível que o Sr. Deputado não esteja preparado, mas o que é certo é que afirmou que as rações subiram 40 % e que isto representa, segundo alguns cálculos, 73 % na subida dos preços de custo de produção da carne.

E eu queria que o Sr. Deputado me justificasse esse cálculo e não mo justificou.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage e também lhe peço que seja rápido.

critiquei.

Quanto aos 40 % do aumento das rações, é muito provável que se repercuta em 73% de aumento dos custos da produção de frango -na produção, disse eu - e não sobre o consumidor.

Relativamente à questão dos cereais, a que acha que também não respondi, o senhor fala nela como se se tratasse da questão do petróleo. Usa uma fórmula que é completamento absurda e vaga.

Eu estava a tentar explicar-lhe - e não tenho tempo para isso- que a questão dos cereais já é uma questão muito mais profunda e que, neste momento, se relaciona com a política que o Governo está a fazer relativamente à liberalização dos preços. O Governo está a liberalizar os preços, está a eliminar os subsídios e está a criar com isso aumentos brutais nas rações e em todos os artigos que recorrem, como matérias-primas, ao milho, ao trigo ou aos outros cereais. É isso que nós condenamos.

Não consideramos que não se pode aumentar absolutamente nada. Pode haver aumentos graduais, como eu disse, e toleráveis não só para o consumidor como ate para todo o sistema de produção. Mas não pode haver aumentos de tal maneira brutais como aqueles que foram declarados, que lançam a perturbação, lançam a confusão na produção, nos circuitos 'comerciais e acabam por prejudicar não só o próprio produtor mas também o consumidor, isto é, alargam ainda mais a distância, em termos físicos e económicos, entre consumidor e produtor.

É essa a política que os Ministérios da Agricultura e do Comércio estão a fazer e que nós condenamos.

Essa política é de facto ruinosa, não favorece o produtor nem o consumidor, e por isso a criticamos.

Aplausos do PS.