a privada a possibilidade de acesso ao sector bancário» não significa que meia dúzia de senhores entrem novamente na posse da Banca ou dos actuais bancos. Significa a virtualidade de à Banca, em melhores condições e com as cautelas que qualquer governo responsável assumirá, ter acesso o mercado financeiro e o investimento privado. Consequentemente, não vejo que realmente tenha utilizado slogans.

Limitei-me a referir palavras que, talvez não tendo uma grande especificidade técnica, são, a meu ver, as verdadeiras e aquelas que cabem na circunstância.

Quanto ao conhecimento dos Portugueses em relação ao debate, penso que a Televisão terá os seus critérios. Mas não será comandada ou telegerida. Eu próprio, quando estive no governo - e já estive por duas vezes -, creio que só apareci uma ou duas vezes na televisão e nunca me senti atingido por isso. Até o quis. Por vezes, até vejo alguns dos Srs. Deputados aparecerem mais do que outros nalguns órgãos de comunicação social. Isso será do critério de quem cobre os acontecimentos. Mas, quanto a tudo isso, nada mais lhe posso responder, até porque nunca fui aos estúdios e raramente vejo televisão. Não a conheço, nem por dentro nem por fora!

Quanto ao Sr. Deputado César Oliveira, o caso é mais grave. E é mais grave pelo seguinte: o Sr. Deputado - que é pessoa muito interventora, muito prolixa, muito parlamentar - usou de um tipo de argumentação que é a pior das argumentações. Existe toda uma galeria de personagens de Eça de Queirós. Ficará, pois, à imaginação do destinatário da mensagem, ou do desafio, a «escolha» da personagem, pressinto até qual foi a personagem, que o Sr. Deputado César Oliveira escolheu, mas, na verdade, não me sinto na veste de nenhuma. Queria responder-lhe da mesma moeda. Mas não consigo. Esqueci-me do Eça de Queirós sob o impacte emocional das suas palavras, Sr. Deputado.

Veja lá o vigor da sua argumentação, até me esqueci do Eça de Queirós, que desde criancinha conhecia!

Quanto às propostas de Mitterrand, Sr. Deputado César Oliveira, regresso àquilo que há pouco disse e, muito sucintamente, com a maior economia de palavras, para não dar motivo a protestos, contraprotestos, exercícios verbais e catalogações literárias.

Direi, Sr. Deputado César Oliveira, que Miterrand não pretendeu ferir o sector bancário dessa inviabilização do acesso da iniciativa privada. Como sabe, não esteve prevista a socialização do sector bancário por Mitterrand. Esteve prevista a socialização de alguns dos principais bancos. Era a socialização, mas não a colectivização total e integral. De qualquer maneira, o povo francês nas próximas eleições legislativas dirá se esta é ou não factível.

Vozes do PS, do PCP e da UEDS: - Ah! Ah! Ah! ...

eleitoral. O povo francês escolheu Mitterrand, o povo português escolheu a Aliança Democrática. Assim sendo, pela sua argumentação, Sr. Deputado, deve fazer-se uma lei inteiramente de acordo com aquilo que a Aliança Democrática pretende.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Cumpra-se a democracia, Sr. Deputado!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto às origens históricas da social-democracia, quereria dizer-lhe que é evidente que tudo na vida tem a sua evolução. O mal é nós amarrarmo-nos ao passado e ficarmos prisioneiros de tempos históricos que não são os da nossa época. É esse o grande maí. O Sr. Deputado César Oliveira quer uma social-democracia feita à medida do século XIX, quando, já depois disso, houve um programa de Bad-Godesberg, houve toda a evolução da social-democracia na Europa e incluindo o Partido Socialista espanhol e o próprio PCE aceitaram que na Constituição espanhola ficasse, como elementos definidor da constiticionalidade económica, uma economia social de mercado. Consequentemente, há hoje uma perspectiva inteiramente diferente da social-democracia. Esta é uma via irreversível, que tem dado a prosperidade e o desenvolvimento económico, cultural e social aos povos da Europa.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Há quatro inscrições para protestos, mas, como estamos a dois minutos do fim da sessão, ficarão para amanhã.