eputado em causa, há que louvar a atitude do Sr. Secretário de Estado. Mas há também que dizer que há matéria da maior importância para a Câmara que é do conhecimento actual do Sr. Secretário de Estado e que, julgo eu, deveria ser produzida em face do esclarecimento pedido. Não se trata de arranjar matéria para fazer uma guerra, não se trata de ir buscar lenha para fazer uma fogueira, trata-se, pura e simplesmente, de analisarmos aqui, em sã convivência democrática, se a Administração portuguesa funciona, se um dos seus órgãos, o Instituto Nacicnal de Estatística, está dotado dos meios, das competèncias e das condições de funcionamento. Por outro lado, é um debate que vai permitir aos Srs. Deputados aprovar conscientemente este pedido de autorização legislativa, vai permitir aos Srs. Deputados contribuir por esse modo para uma finalidade útil, para um produto sobre o qual esta Assembleia tem um direito de vigilância, que não tem de ser contundente, que não tem de ser crítico, no sentido distorcivo da crítica, mas sim colaborante. O País não está dolado de um aparelho estatístico à altura das suas necessidades, essa discussão nunca se fez a sério, e é estranho que numa primeira ocasião em que há possibilidade de a fazer, quando mal se levanta uma ponta do véu, da ponta do icebergue, logo ela seja abafada e que o Governo não veja na vontade que aqui nos trouxe um sentimento de colaboração e não de destruição de algo útil para o País. Não é assim, Srs. Membros do Governo, vi nas palavras do Sr. Ministro da Administração Interna o reconhecimento de que não seria assim e espero que em breve tempo o possa confirmar.

Não queria deixar de dizer, Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, que desde já e censo de 1981 está comprometido. Há operações que já estão comprometidas, há resultados, que não serão obtidos. Por,culpa de quem? Por culpa da instjtuição A ou B, per culpa do membro do Governo X ou Y, mas sobretudo por culpa de todos nós, sobretudo porque nunca se deu atenção neste país a questões tão vitais como estas, com o argumento de que são questões demasiado técnicas ou com o argumento, talvez mais verdadeiro, de que a informação só interessa a quem quer combater o que não é verdade. Nós não teremos através deste cem,o, como de\£ríamos ter, como espiraríamos ter, como teríamos o direito de ter, os elementos necessários aos planeamentos urbanísticos nas áreas de Lisboa e do Porto. Não teremos um censo bem feito, porque as zonas de actuação dos agentes encarregados do censo são definidas e entregues às autarquias para que elas possam melhor ordenar o seu esforço de participação no inquérito. E por que é que não temos esses instrumento? Porque o Instituto Geográfico e Cadastral em 1980 não foi dotado dos meios necessários para poder rea'izar aquilo que lhe competia no sentido de habilitar os agentes encarregados de fazer a operação censitária com as cartas necessárias -o Instituto Geográfico e Cadastral apenas poderá produzir cartas de l % 5000 e não poderão ser definidas aí as actuações dos agentes. Por sua vez, a Direcção-Geral do Planeamento Urbanístico também não foi capaz de colaborar como deveria, de modo que nas áreas de Lisboa e do Porto -áreas absolutamente essenciais- não teremos elementos absolutamente necessários ao planeamento urbanístico. Não terá isto importância? Não deverá esta Assembleia debruçar-se sobre esta matéra? Deixo aqui um enorme ponto de interrogação. Se é assim, mais vale que se assuma a realidade do desprezo pela Assembleia e nem sequer se peça