falou nos desejos da Polícia, velhos de sete anos. Sr. Deputado: em meu entender, não me parece que seja a forma correcta de tratar o problema. Os polícias são homens como nós, Sr. Deputado, e estão integrados num esquema em que muitas vezes nós também estamos. Não lhes podem ser imputadas assim, de ânimo leve, a título pessoal, individual, as responsabilidades.

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Muito bem!

O Orador: - Quanto a mim, tem de se procurar acima, e muito acima, dos polícias de intervenção a responsabilidade. Como disse, em definitivo a responsabilidade pertence ao Governo. Em todos os países é assim.

Outra questão que lhe queria pôr é a questão que diz respeito a uma afirmação sua que me parece que deve ser desenvolvida com vantagem para esta Assembleia. Quanto a nós, os acontecimentos de domingo indicam, de facto, um estilo, mas não o estilo da Polícia: é também da Polícia, mas é o estilo da governação deste país neste momento.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Era isto que deveria ser fundamental averiguado pela Comissão desta Assembleia. Estas são as perguntas que lhe queria pôr.

Aplausos do PCP, do PS, da UEDS e do MDP/CDE

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lemos.

essas forças estavam no Estádio da Luz?

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Era sabido que perante a hipótese de vitória do Benfica sobre o Vitória de Setúbal haveria, da parte dos associados do Benfica, manifestações de júbilo, como sempre vem sucedendo em ocasiões semelhantes. Aliás, a própria Direcção do Benfica anunciou repetidamente aos microfones, durante o intervalo, que iria abrir os portões, para que os associados pudessem manifestar o seu júbilo pela vitória do seu clube. A questão que nós colocamos, com clareza, é a seguinte: as forças de intervenção foram avisadas disso? Se foram - como foi tornado público nos órgãos de comunicação social - por que razão a sua actuação nos termos em que o fizeram?

A outra questão que nós colocamos com muita frontalidade e que chamo a este plenário, é a seguinte: conhecida a norma do artigo 272.º, n.º 2, da Constituição, ou seja, que as medidas de polícia são as previstas na lei, não devendo ser utilizadas para além do estritamente necessário, como as entende o Governo? Com o uso de cães, de bastões, de gases lacrimogéneos e até de tiros - e de bala real, quem sabe?- contra jovens, mulheres e até crianças, que pretendiam tão-só e unicamente manifestar o regozijo por o seu clube ter ganho um campeonato?

Voltamos a dizer aqui que, quando discutimos há algum tempo, nesta Assembleia, um decreto-lei do anterior governo da AD, nós alertámos para situações como esta. Não nos quiseram ouvir então! Agora estamos a sofrer os efeitos de não terem, na altura, sabido ouvir o que os deputados comunistas diziam.

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - É verdade, sim senhor!

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Jorge Lemos referiu a entrega na Mesa de um requerimento sobre a matéria em discussão, a Mesa informa que assim aconteceu, logo no início desta reunião. Também o Sr. Deputado Silva Marques, do PSD, entregou um requerimento sobre a mesma questão. O PCP fez ainda a entrega de um voto condenando os acontecimentos que estão agora a ser objecto da nossa apreciação e que. oportunamente, será comunicado à Assembleia.

Tem a palavra o Sr. Deputado Sousa Tavares.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

É evidente que nenhum governo do Mundo, mesmo um governo ditatorial, se lembraria de arranjar o pretexto de um jogo de futebol para atacar a maior massa de adeptos de um país; e por isso, como eu parto do princípio de que não foi, com certeza, o Governo que resolveu massacrar a gente que estava no Estádio da Luz...

Risos do CDS e do PSD.