O Sr. Presidente: - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Luís Filipe Madeira, para formular um protesto:

infeliz Dr. Fitz Quintela. Tratou-se de três ou quatro guardas não comandados.

No Estádio da Luz era uma força enorme de dezenas ou centenas de guardas, comandados por oficiais que, permanentemente, com walkie-talkies e com a voz directamente, dirigiram e comandaram o verdadeiro massacre que sofreram os espectadores do Estádio da Luz. Não tem nada que ver uma coisa com a outra. Um guarda, dois guardas, três guardas podem ter comportamentos irresponsáveis; uma companhia, duas companhias de guardas, comandados por oficiais, na presença de oficiais superiores, não pode ter esse comportamento sem que o Governo não esteja directamente implicado, nisso.

Aplausos do PS, do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Raposo para contraprotestar.

O Sr. Mário Raposo (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É evidente que a actuação personalizada, individualizada, de três ou quatro guardas, nas circunstâncias em que ocorreu em Maio de 1977, é muito mais grave, muito mais demarcável, representa muito melhor uma orientação, uma atitude generalizada em relação ao que se deve fazer, do que aquela que ocorreu, no meio de uma confusão geral, no meio de um estado de perturbação colectiva.

Risos do PS e PCP.

Devo precisar que não tenho agora a intenção de defender o Governo, até porque o Governo não está em causa. Quem poderá estar em causa é a PSP.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Devo ainda precisar que a situação ocorrida em Maio de 1977 pode representar uma situação muito mais individualizada, muito mais configurável, de contornos muito mais culposos, do que aquela que ocorreu no domingo. Até porque qualquer atitude

que um governo com um mínimo de cautela na sua actuação política tomasse, como aqui já foi dito, em relação a toda uma multidão de adeptos do mais influente clube de futebol deste país, seria corripletamente desajustada. E pelo menos essa homenagem deve ser prestada ao governo da Aliança Democrática. Ele não quereria ter contra si a massa associativa do Benfica. Consequentemente, insisto em que aquilo que ocorreu em 1977, que nessa altura não foi motivo de qualquer aproveitamento político, é realmente muito mais grave e caracterizado do que aquilo que ocorreu -no domingo passado.

O Sr Presidente; - Tem a palavra o Sr Deputado Herberto Goulart para formular um protesto.

O Sr. Herberto Goulart (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A intervenção do Sr. Deputado Luís Filipe Madeira era mais ou menos o que eu pretendia dizer. Por isso, eu estava na intenção de prescindir da palavra.

No entanto, gostaria de chamar a atenção para a seguinte questão: penso que ninguém de bom senso político atribuiria responsabilidades directas ao governo da AD pelo que se passou no Estádio da Luz. Mas, de facto, é inaceitável que o Sr. Deputado Mário Raposo queira endossar responsabilidades mais gerais exclusivamente ao nível da PSP e queira isolar esta situação da orientação, da preparação e da formação que é dada às forças policiais.

O que se passou no Estádio da Luz não foi uma acção descontrolada e descuidada de um ou outro militar, mas sim, de forças policiais organizadas, seguramente interpretando a instrução que lhes é dada pela direcção política de um Governo que está no poder há ano e meio. Certamente que as forças policiais apelaram no seguimento dessa própria instrução política que lhes é administrada.

Aplausos do MDP/CDE e do PCP.

O Sr. Presidente: - Para um contraprotesto, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Raposo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Moura Guedes.