actuação pontual num caso concreto, porque, evidentemente, não foi o Sr. Ministro que esteve ali a comandar as forças policiais. Será responsável, sim, se, depois de ocorrido e porventura se houver qualquer exagero de actuação, não ordenar o inquérito, não averiguar os factos e não fizer assumir as responsabilidades àqueles que as têm.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - Sr. Deputado Veiga de Oliveira, peço-lhe desculpa por não deixar que me interrompa, mas creio que tenho muito pouco tempo para usar da palavra.

Protestos do PS.

or que não será um inquérito objectivo, rigoroso e sério, que se destinará a esclarecer corripletamente a verdade dos factos. Ora, sabendo que esse inquérito está instaurado, exigir neste momento um outro inquérito seria uma atitude de perfeita suspeição ao Governo. Sem prejuízo de todos os direitos que a Assembleia tem, entendo que politicamente não é passível de outra interpretação.

Não me coloco numa perspectiva de direitos, pois que esta Assembleia tem plenamente esse direito. Mas teria significado um inquérito neste momento quando o outro já está instaurado? É, pois, por essa razão - e embora não exista por parte do meu partido ainda nenhuma tomada de posição quanto ao seu sentido de voto no que se refere ao pedido de inquérito - que o sentido de voto será definido oportunamente quando ele for agendado e submetido a esta Assembleia. Penso que para já existe esta objecção de natureza política, que não contende de maneira nenhuma com um desejo muito real que já aqui afirmei e que sei que os Srs. Deputados que me interpelaram me fazem a justiça de acreditarem que alimento sinceramente, ou seja, ver os factos completamente esclarecidos.

Eu também já fui presidente da Associação Académica de Coimbra quando esta tinha um clube de futebol na I Divisão. Como tal, pude assistir a intervenções exageradas das forças de segurança em vários jogos, também eu próprio vibrei e assumi posições de exigir que os factos fossem completamente esclarecidos. Portanto, penso que tanto neste caso como nesses a minha atitude é sempre a mesma e também estarei até ao fim entre aqueles que pedem e exigem o esclarecimento completo dos factos. Mas o que eu não ponho em dúvida é que esse completo esclarecimento virá do inquérito que já foi instaurado pelo Governo.

Aplausos do PSD. do PPM e de alguns deputados do CDS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, chamo a vossa atenção para o seguinte: a Mesa conhece o Regimento, tem de o cumprir e que o fazer cumprir. Estamos a chegar ao final do período de antes da ordem do dia e está apenas inscrito o Sr. Deputado Martins Canaverde para solicitar um esclarecimento ao Sr. Deputado César Oliveira, que foi o orador que provocou esta série de debates. O Sr. Deputado César Oliveira terá depois o direito de resposta. Aliás, a Mesa gostaria de saber quanto tempo é que o Sr. Deputado pensa ocupar.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Uns cinco ou sete minutos, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Entretanto, o Sr. Deputado Carlos Lage inscreveu-se há bocado, assim como os Srs. Deputados Magalhães Mota e Silva Marques. Não sei do que se trata, mas creio que será para participar neste debate. Simplesmente, não vejo a que título.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, pedi a palavra para uma questão processual.

O Sr. Presidente: - Então faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os grupos parlamentares que integram a FRS requerem e pretendem que seja deliberada a dispensa de publicação no Diário da Assembleia da República deste pedido de inquérito parlamentar, para o tornar mais rápido e eficaz, e, simultaneamente, requerem que seja também votada a dispensa de baixa à comissão.

Tudo isto tem como finalidade óbvia apressar e acelerar a realização de um inquérito parlamentar sem entrar aqui no debate sobre a natureza e oportunidade do mesmo.

Aproveito ainda para dizer ao Sr. Deputado Moura Guedes que o inquérito parlamentar tem uma natureza e um objecto diferentes do inquérito eventualmente ordenado pelo Governo. A comissão eventual que realiza o inquérito tem composição de todos os partidos representados nesta Casa. E, portanto, a comissão é, em princípio, mais isenta. O próprio inquérito parlamentar visa fiscalizar os actos do próprio Governo e da Administração. Não é assim com-