para permitir que os mesmos passem e para que, na discussão na especialidade, possamos fazer uma lei à altura da defesa dos interesses legítimos de todos os consumidores portugueses. Essa é a posição do partido Social-Democrata, Srs. Deputados.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): -O Sr. Deputado Cabrita Neto emendou as afirmações que fez a respeito do Dr. Beja Santos, que, como eu disse, é em Portugal um símbolo da defesa dos interesses dos consumidores. Deu o dito por não dito, mas fez uma reserva dizendo que o Dr. Beja Santos deixou de ser independente. Para o Sr. Deputado, o Dr. Beja Santos deveria ser apolítico, segundo uma velha classificação que já está em uso nas sociedades democráticas. Talvez por isso mesmo é que o Dr. Beja Santos foi afastado da Radiotelevisão Portuguesa. Não sabíamos as razões, nuas conhecemo-las agora através do Sr. Deputado Cabrita Neto.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à Deco, o Sr. Deputado Cabrita Neto também procurou atenuar a gravidade das suas afirmações e eu compreendo isso. O Sr. Deputado não pode ser responsabilizado, porque se limitou a plagiar as afirmações emitidas no relatório que o Sr. Deputado Magalhães Mota acaba de nos revelar.

'Diz-se nesse relatório que "a Deco é dominada por figuras da ala esquerda do PS e pelo grupo dito católico progressista", que "a defesa dos consumidores não é uma peça da luta de classes" que "urge quebrar este monopólio" e que "cos consumidores não podem continuar sujeitos à unicidade associativa existente, uma intersindical mais souple". Realmente, o Sr. Deputado Cabrita Neto está desculpado, limitou-se a citar inconscientemente aquilo que outros escreveram. Mas a. questão fundamental é que o Sr. Deputado Cabrita Neto e o PSD querem uma associação de defesa dos consumidores que tenha essa sigla, mas que realmente seja subserviente e cúmplice com a defesa, dos interesses dos grandes comerciantes, dos grandes armazenistas que defendem.

Aplausos do PS, do PCP, da ASDI e da UEDS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso, certamente também para um protesto. Dispõe de dois minutos.

fez.

Aplausos do PS e da UEDS.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Sr. Presidente, penso que os dois protestos que foram feitos, no seu conteúdo essencial, não põem apenas problemas de divergências políticas, mas tocam a dignidade do meu colega de bancada e, por isso, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, queria responder a esses protestos.

Vozes da UEDS: - Já tem um advogado, Sr. Deputado Cabrita Neto!...

O Sr. Presidente: - A Mesa considera que, efectivamente, a acusação deduzida contra qualquer Sr. Deputado, nos termos em que o foi para o Sr. Deputado Cabrita Neto, pode ser atentatória da sua dignidade. Fica é bem expresso que, tendo-se referido os dois Srs. Deputados ao mesmo assunto, e só a ele, o protesto contraposto ou a defesa que V. Exa. vai fazer valem pela intervenção a que o Sr. Deputado Cabrita Neto teria direito.

Tem então V. Exa. a palavra e dispõe de três minutos para o efeito.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Penso que a dignidade dos deputados deveria ser respeitada nesta Câmara, por cada um de nós.

E, mesmo que existissem razões para, eventualmente, pôr em causa a dignidade de um deputado, penso que seria bom, para defesa do prestígio desta Assembleia, que se calasse a voz nesse momento. Talvez ficasse melhor omitir uma crítica, ainda que fundamentada, do que estar a pôr pessoalmente em causa alguém que profere declarações nesta Câmara. Não quero já invocar o facto de que aqueles que, porventura, beneficiados por circunstâncias da mais diversa natureza tiveram acesso a graus de cultura elevados neste país...

Risos do PS e da UEDS.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - É o que isso merece! ...

O Orador: - Riam-se Srs. Deputados! Repito, para que oiçam bem e se riam novamente se quiserem: aqueles que, beneficiados por condicionalismos de qualquer ordem, tiveram acesso a determinados graus de cultura no nosso país.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Que hipocrisia!