O Orador: - Creio que deviam, por esse mesmo facto, abster-se de utilizar essa sua arma contra outros que não tiveram essas mesmas facilidades.

Vozes do PSD: - Muito bem!

deputados que se sirvam deste tipo de argumentação, para pôr em causa a dignidade pessoal de um deputado que referiu elementos que colheu no estudo de um determinado problema, e que os assume como seus, sem necessidade - a não ser que daqui para o futuro estabeleçamos outras regras - de dizer que isto vem citado no relatório tal. Penso não ser essa a prática seguida por esta Assembleia e quero, portanto, aqui repudiar, de uma forma muito clara e muito calorosa, todas essas insinuações que considero ofensivas da dignidade da um deputado e, consequentemente, ofensivas da dignidade desta Câmara e que foram dirigidas por alguns dos Srs. Deputados ao meu companheiro de bancada. Cabrita Neto. Gostaria que não entrássemos por este caminho, porque, sinceramente, não creio que assim a Assembleia da República se prestigie e que a democracia beneficie no nosso país.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso, para contraprotestar.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Pedi a palavra para exercer pessoalmente o direito de defesa e não o exercer por interposta pessoa, nomeando qualquer advogado.

Começo por dizer que não reivindico, nem nunca o fiz, mais autoridade moral do que a que tem qualquer outro deputado nesta Assembleia. No entanto, não aceito, não admito e não reconheço autoridade ao Sr. Deputado Amândio de Azevedo para vir medir o grau de autoridade moral das minhas intervenções.

Vozes da UEDS: - Muito bem!

O Orador: - E sobretudo não lhe reconheço autoridade para classificar os deputados nesta Assembleia em deputados de l.ª e de 2.ª, sejam quais forem os critérios a utilizar.

Aplausos do PS, da UEDS e da ASDI.

Aplausos da UEDS, do PS e da ASDI.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, quero usar também do direito de defesa, relativamente à intervenção do Sr. Deputado Amândio de Azevedo que foi dirigida ao Sr. Deputado Lopes Cardoso e também a mim.

Começarei por dizer que quem ofendeu a dignidade de pessoas não fomos nós, foi o Sr. Deputado Cabrita Neto quando se referiu ao Sr. Dr. Beja Santos e aos elementos da Deco, associação de defesa do consumidor, em termos pejorativos, em termos errados e em termos ofensivos.

Vozes do PS e da UEDS: - Muito bem!

O Orador: - Fez isso citando literalmente um relatório onde essas ofensas, essas calúnias e esses juízos são feitos de uma forma impune, digamos assim, pois é um relatório ao nível da pesquisa e ao nível da análise de departamentos governamentais. Quero também dizer que acho extremamente perigoso o tipo de discurso que o Sr. Deputado Amândio de Azevedo fez. O anti-intelectualismo subjacente ao seu raciocínio é perigosamente conservador.

E este afloramento do anti-intelectualismo, da resistência e da crítica à inteligência em geral - porque não é no concreto que estas coisas se podem colocar, porque é totalmente impertinente o seu raciocínio -, à cultura e ao discernimento é um fio de análise que é contraditório com o pensamento democrático e que é perigoso para as sociedades democráticas. E um fio de discurso altamente conservador, é característico do pensamento reaccionário e eu não julgava ouvi-lo do Sr. Deputado Amândio de Azevedo, que considero ser um democrata e a q uem respeito como tal.

Aplausos do PS, da ASDI e da UEDS.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Peço a palavra Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?