parágrafo seguinte, embora também fale da questão da vulnerabilidade do risco político.

Sr. Deputado, comparemos duas nações, duas potências com duas pessoas. O Sr. Deputado tem duas pessoas - transladando o aspecto global para o aspecto pessoal - e tem de um lado uma pessoa completamente armada, forte e poderosa e do outro um cidadão, uma pessoa perfeitamente desarmada, que não tem meios. Esta translação que se faz para o âmbito pessoal é uma translação do âmbito político e pergunta-se: quem é que é vulnerável? É vulnerável aquele que é pequeno e que nessa altura precisaria de armas, precisaria de meios de defesa contra uma eventual agressão que não se sabe se poderia partir daquele que está armado, ou é vulnerável aquele que, ao fim e ao cabo, se submete dócil e passivamente à eventuais desejos daquele que está armado?

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Isso é a teoria do Far-West.

O Orador: - A questão da vulnerabilidade tem de se pôr em termos de equilíbrio e de dissuasão. A questão da vulnerabilidade deve pôr-se fundamentalmente em relação à capacidade dissuasória existente ou não para contrariar uma ameaça. E no momento em que ouvimos o Partido Comunista falar aqui -e não sei se foi o Partido Comunista se foi o porta-voz da Agit-Prop do Sr. Suslov que falou...

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Provocador!

O Orador: - Provocador não sou, desculpe! Provocadores são os senhores! Provocadores e ameaçadores são os senhores, são os senhores que vieram hoje aqui ameaçar Portugal, dizendo, não sei em nome de quê ou de quem, que no caso de Portugal algum dia dispor de armas nucleares seria um território ameaçado. Quem falou de ameaças foram VV. Ex.ªs. Quem falou de guerra foram VV. Ex.ªs e não nós.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e protestos do PCP.

Por isso é legítimo para qualquer patriota, para qualquer democrata, para qualquer português perguntar ao serviço de quem falou hoje o Sr. Deputado Jorge Lemos: se da União Soviética se dos próprios interesses portugueses. Essa é a questão de fundo que hoje aqui está presente.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e protestos do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço a vossa atenção. Queira continuar, Sr. Deputado Ângelo Correia.

O Orador: - Aliás, não é em vão que VV. Ex.ªs hoje têm companhia diplomática...

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

... donde os considerandos políticos do projecto de lei da UEDS nada terem a ver com o conteúdo do mesmo, ou seja, não é pelas razões apontadas,...

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

... não é por via dos considerandos do projecto da UEDS que se legitima a proposta dos artigos do projecto de lei da própria UEDS. Os objectivos são outros, que não os consignados nos considerandos do projecto de lei.

Neste momento verificou-se a retirada do diplomata soviético que se encontrava na respectiva tribuna.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - O patrão já se foi embora!

Assembleia da República do seu projecto de lei, porque tem implicações directas. Caminhar para uma via de desarmamento, para uma via de não escalada de armamentos, com certeza, mas num duplo sentido, não pedindo apenas a Portugal que o faça.

Vozes do PSD: - Muito toem!

O Orador: - Quanto ao projecto de lei do Partido Socialista -aliás de parte dos Srs. Deputados do Partido Socialista, já que no âmbito da Comissão de Defesa Nacional foi clara a perspectiva contrária, ou pelo menos reservada, de alguns dos seus membros nessa Comissão -, a questão que se pode pôr é de outra natureza: é a legitimação, num debate parlamentar, da existência de armas nucleares no nosso país.

Queria dizer aos Srs. Deputados proponentes que da leitura que faço do projecto de lei, este é redundante. Aliás, o projecto de lei tem alguns aspectos constitucionais que merecem uma análise política, porque fazer-se depender da aprovação de um tratado de defesa a existência de armas nucleares penso que é possível, mas fazer-se depender a existência de armas nucleares da capacidade política exclusiva da Assembleia da República é estar-se indirectamente _ a anular o conteúdo do artigo 148.º da Constituição,. quando este determina que o Conselho da Revolução também se deve pronunciar sobre tratados dê defesa com implicação militar.

Ao rcservar-se este debate político exclusivamente para a Assembleia da República, vigorando ainda a Constituição, o que alguns dos deputados do Par-