Gostaria somente de saber uma passagem muito curta que o senhor poderia - se o quisesse - ter reproduzido.

O Sr. Cavaleiro Brandão (CDS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Cavaleiro Brandão (CDS): - Sr. Deputado, se o gosto e o sentido da sua intervenção era a ameaça de um protesto, não queria deixar de lhe oferecer conteúdo para o mesmo.

Esforçar-me-ei, pois, por lhe ler essa parte. É a seguinte:

O surgimento de dois projectos, ambos oriundos dos partidos inseridos na FRS, são mais uma prova da falta de unidade interna dessa coligação e são também mais um indício a respeito do verdadeiro papel que dentro dela a UEDS assume.

É de facto estranho que, nesta matéria, não tenha o PCP apresentado directamente, e por si próprio, qualquer projecto.

É esta a passagem que V. Ex.ª queria que eu lesse.

O Orador: - É sim, Sr. Deputado.

Devo dizer que afinal, há pouco, estava suficientemente atento. Só que penso que a afirmação que fez envolve uma posição de uma tal gravidade do ponto de vista de um deputado nesta Assembleia que quis confirmar e não precipitar-me.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Muito bem!

Vozes do PS: - Muito bem!

não sendo nem nunca tendo sido membro do Partido Comunista, não me consideraria caluniado se alguma vez me chamassem comunista. Considero, sim, que é uma calúnia que me digam que o sou, sem terem a coragem de dizê-lo abertamente. Devo dizer que tenho a coragem, que o Sr. Deputado não teve, de assumir as minhas posições e as minhas afirmações com clareza. É, pois, contra essa falta de coragem do Sr. Deputado que protesto.

Aplausos da UEDS, do PS e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Para contraprotestar, tem a palavra o Sr. Deputado Cavaleiro Brandão.

O Sr. Cavaleiro Brandão (CDS): - Sr. Deputado Lopes Cardoso, quanto à falta de clareza, parece-me que ela não existiu. Sendo V. Ex.ª reconhecido como particularmente arguto e inteligente, o que é certo é que não teve dificuldade nenhuma em perceber o sentido daquilo que eu afirmei.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Insinuação, Sr. Deputado!

O Orador: - Eu podia dizer que a UEDS é, ela própria, uma insinuação. Mas não digo.

Risos do CDS.

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - Tem dito tanta asneira!

O Orador: - Devo dizer que não tive a intenção de insultar a UEDS nem a iniciativa da UEDS. Aquilo que disse foi que, objectivamente,...

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Também já ouvi isso noutro sítio!

O Orador: - ...um certo tipo de iniciativas pode ter um determinado significado político. Foi esse significado político que aventei na minha intervenção. Não tive intenção de ofender nem de caluniar ninguém, muito menos tive intenção de agitar quaisquer espécies de fantasmas, porque penso que para nós, hoje, elas já não existem.

Já conhecemos bem os nossos adversários. Temos por eles o respeito que justificam, mas não os tememos para além desse valor que naturalmente lhes reconhecemos.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Moniz.

O Sr. António Moniz (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Decreto-Lei n.º 781/76, de 28 de Outubro, promulgado durante a vigência de um governo socialista, tinha por intenção propiciar o aumento de oferta de emprego. Na realidade, os empresários estavam ainda traumatizados pelos reflexos sofridos nas suas unidades de produção, pelas sequelas de todo o desconchavo que o País viveu durante o gonçalvismo. Com a possibilidade de se poderem realizar admissões a prazo, muitos desempregados conseguiram obter um posto de trabalho. Essa é a verdade!