O Sr. Carlos Brito (PCP): - Já existem outra vez!

O Orador: -Ah, existem?! ...

Eu penso que não, Srs. Deputados.

Como dizia, segundo os Srs. Deputados, as UCPs e cooperativas produziram duas vezes e meia mais do que os «agrários», que produziram 90 000 t, porque as UCPs/cooperativas produziram 230 000 t.

Ora, a EPAC adquiriu ao sector privado 150 000 t e às UCPs cooperativas adquiriu menos de 70 000. Onde é que está a verdade destes números?

Por último, não podemos esquecer que neste momento as UCPs devem 8,6 milhões de contos, estando 3,1 milhões de contos já vencidos (e, se calhar, incobráveis), e que até hoje não foram pagas quaisquer contraprestações do uso da terra e dos capitais de exploração, que se calculam em 3,5 milhões de contos.

O Sr. Presidente: - A Sr.ª Deputada Josefina Andrade prefere responder imediatamente ou no final de todos os pedidos de esclarecimento?

A Sr.ª Josefina Andrade (PCP): - No final, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Então, tem a palavra o. Sr. Deputado José Vitorino.

O Sr. César Oliveira (UEDS): - Ah! Também sabe de agricultura!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Olhe que não!

Vozes do 'PSD: - Muito bem!

O Orador: - Finalmente, quero salientar que, quando se fala nas maravilhas que são as UCPs, há aqui uma questão que convém colocar: então, quais serão os motivos que levam os antigos apoiantes do Partido Comunista a serem os primeiros candidatos à distribuição das terras na concretização da política que o Governo vem seguindo desde o ano passado? Esta é uma questão a que o Partido Comunista não responde ou que procura ocultar, dizendo que os seus apoiantes não preferem essa política.

Para finalizar, sublinho que a Aliança Democrática (e nomeadamente o Partido Social-Democrata) está apostada em destruir por completo a reforma agrária do Partido Comunista.

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Ah!

O Orador: - A reforma agrária do PCP é para destruir.

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - O Sr. Deputado esquece-se da Constituição!

O Orador: - Mas a Reforma Agrária que as populações da zona de intervenção sempre pretenderam e precisam irá para diante, será consolidada e vencerá, mas será uma Reforma Agrária democrática.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Josefina Andrade.

A Sr.ª Josefina Andrade (PCP): - Sr. Deputado Carvalho Cardoso, de facto o senhor, em baralhação de números, é muito mais eficiente do que eu.

O Sr. José Vitorino (PSD) - Ah! A senhora baralhou os números!

A Oradora: - É que, com todos os números que adiantou na sua intervenção, só lhe poderia responder se fosse um computador.

De qualquer modo, tenho que dizer que os vossos números são muito mais mentirosos do que os meus.

Vozes do PCP: - Muito bem!

A Oradora: - Disse o Sr. Deputado que as UCPs e cooperativas devem ao Estado 86 milhões de contos. Gostava de saber qual é a fonte de informação a que o Sr. Deputado recorreu para obter esse número.

O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Eu disse 8,6 milhões de contos, Sr.ª Deputada.

A Oradora: - Os números que forneci são baseados nos inquéritos que cobriam 87 % da superfície da terra que se encontra na posse das UCPs e cooperativas e que representa, em cereais, 45% da produção nacional. Ora, parece-me que, a ser assim, a produção das UCPs e cooperativas não é tão diminuta como o Sr. Deputado quis fazer crer.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

Penso que com estes esclarecimentos respondi às questões formuladas pelo Sr. Deputado Carvalho Cardoso.

Relativamente ao Sr. Deputado do PSD José Vitorino, torna-se um pouco mais complicado responder-