dizer o que os comunistas querem ou o que os comunistas fazem. Isso cabe a esta bancada e nós não passamos nenhuma procuração ao Sr. Deputado José Vitorino para falar por nós. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Aplausos do PCP e protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Eu devo confessar que, segundo a minha óptica, a sua interpelação foi realmente um protesto habilidoso.

Mas o assunto está encerrado, Srs. Deputados.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Mas concorda que tenho razão e que a minha interpelação se justificava até como protesto?

O Sr. Presidente: - Regimentalmente, tenho de lhe dizer que não tem razão, Sr. Deputado.

Tem agora a palavra, Sr.ª Deputada Josefina Andrade, para responder ao Sr. Deputado Carvalho Cardoso.

A Sr.ª Josefina Andrade (PCP): - Sr. Deputado Carvalho Cardoso, tenho de lhe pedir desculpa da interpretaçâo que fiz das suas palavras, mas, de facto, compreendi 86 milhões de contos e não 8,6.

Mas quando o Sr. Deputado vem dizer que as UCPs e as cooperativas retêm dinheiros da cortiça, naturalmente que se deve estar a referir aos dinheiros da cortiça que o Estado deve às UCPs e às cooperativas, e não o contrário.

O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Não percebeu!

A Oradora: - Quanto às dívidas das UCPs e das cooperativas à Previdência, não acha que seria muito mais lógico que o Sr. Deputado, encontrando-se num partido do capital e dos grandes agrários, nos viesse aqui dar contas das dívidas dos grandes agrários à Previdência?

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Alhos e bugalhos!

O Sr. Rogério Brito (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito pede a palavra, Sr. Deputado?

O Sr. Rogério Brito (PCP): - É para contraprotestar em relação ao protesto do Sr. Deputado...

O Sr. Presidente: - Não pode fazê-lo, como sabe, Sr. Deputado. É que em relação a esse protesto acabou agora mesmo de ser formulado um contraprotesto pela sua colega Sr.ª Deputada Josefina Andrade.

O Sr. Rogério Brito (PCP): - Sr. Presidente, então tenho de invocar o direito da defesa, porque foram produzidas afirmações extremamente graves que, inclusivamente, põem em causa a própria idoneidade de quem fez aqui uma intervenção e apresentou determinados dados.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, a Mesa não vai privar ninguém do direito de defesa, mas fazia um apelo a todos os Srs. Deputados no sentido de cumprirmos o Regimento. A Sr.ª Deputada Josefina Andrade já respondeu ao protesto, mas se o Sr. Deputado se sente ofendido na sua honra, e só para esse efeito, tem V. Ex.ª a palavra.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, desculpe-me interrompê-lo, mas a verdade é que V. Ex.ª não está a utilizar o direito de defesa. O Sr. Deputado não se está a defender de nada. O Sr. Deputado pediu a palavra ao abrigo do direito de defesa, portanto faça o favor de dizer em relação a que é que pretende defender-se. O direito de defesa, como o Sr. Deputado sabe, tem que ver com uma questão de honra, o Sr. Deputado terá de ter paciência, mas não pode intervir.

O Sr. Rogério Brito (PCP): - Sr. Presidente, não vou insistir.

Apenas direi que foi aqui feita uma manobra sobre os números apresentados pelo Sr. Deputado Carvalho Cardoso e isso efectivamente não é correcto.

O Sr. Presidente: - Bom, mas em relação a isso, como sabe, não pode invocar o direito de defesa.

Srs. Deputados, terminou o período de antes da ordem do dia. Os votos que estão na Mesa têm de transitar para a próxima sessão.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, entramos agora no período da ordem do dia.

Tenho a informação de que os grupos parlamentares indicariam como seria feita a repartição dos tempos de discussão dos projectos de lei que hoje vamos debater e votar.

Sem querer fazer perder tempo à Câmara, devo dizer que, pelas nossas contas, se o intervalo for às 17 horas e-30 minutos e se retomarmos os trabalhos às 18 horas, como temos três horas de sessão até às 20 horas, daria uma hora por cada um dos projectos. É uma sugestão que a Mesa deixa feita.

Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Lage.

O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, queria fazer uma sugestão para não perdermos tempo.

Iniciávamos agora a discussão do projecto de lei que está agendado e talvez o possamos votar até ao intervalo. Caso isto não se verifique, ao intervalo

reúne-se a conferência dos grupos parlamentares e define-se qual o tempo para cada projecto de lei para cada partido.