manipulação da "AD" na comunicação social estatizada.

Aplausos do PCP, do PS, do MDP/CDE e da UEDS.

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito?

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - É para um protesto, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Lá vem o democrata do pagode chinês!

O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Deputado Vital Moreira, tenha cuidado, porque algum dia também posso revelar aqui algumas coisas.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Faça favor!

O Orador - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Se outras razões não houvesse para se dar inteiro cabimento à conferência de imprensa dada pelos presidentes do PSD e do CDS, esta declaração política era suficiente. A transparência dos factos revelados nessa conferência de imprensa é, por si, evidente, mas o imediatismo e o calor postos pelo Partido Comunista na defesa do seu candidato são de tal maneira chocantes nesta Assembleia que só vêm demonstrar, de uma vez por todas, a irrequietude e o sobressalto em que o Partido Comunista está ao ver fugir-lhe a instabilidade, isto é, as condições para desenvolver todo o seu projecto de atentado à democracia, à liberdade, ao progresso, condições necessárias ao seu desenvolvimento. Não aceita ter sido derrotado democraticamente e quer agora servir-se de interposta pessoa para recuperar o clima em que as suas teses têm cabimento, ou sejam, a confusão política, a instabilidade e a impossibilidade de desenvolver um verdadeiro projecto de progresso social.

É isto que o Partido Comunista quer e é isto que ele vê fugir-lhe de debaixo dos pés e é espantoso vir aqui o Partido Comunista dizer que há desespero na AD por ver forças democráticas apoiarem o general Eanes. Enquanto foram forças democráticas a apoiar o general Eanes, não houve desespero, nem preocupação, mas a partir do momento em que forças antidemocráticas fazem do general Eanes o seu candidato oficial então não há desespero, porque sabemos vencer, mas sim profunda preocupação na própria dignidade desta Assembleia e das forças democráticas em presença.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Se já alguma vez tive aqui a oportunidade de referir que o 25 de Novembro pode ter sido a derrota de Otelo, mas não foi a derrota do PCP, agora, perante esta atitude de identificação total entre Eanes e o PCP - que, ao contrário de Norton de Matos, não teve a coragem de recusar o apoio do Partido Comunista -, direi que o 25 de Novembro foi a vitória do Partido Comunista em Portugal.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

Protestos do PCP.

O Sr. Rui Amaral (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito?

O Sr. Rui Amaral (PSD): - É para um pedido de esclarecimento.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Outro democrata!?

O Sr. Rui Amaral (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Tivemos aqui dois discursos do mesmo estilo, obviamente articulados, tal como aconteceu antes das eleições de 5 de Outubro.

Na altura o tema não era este, mas sim as alegadas dívidas, que, entretanto, parece que desapareceram como que por milagre.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Diz bem. Só um milagre é que o pode explicar.

O Orador: - Gostaria, pois, de perguntar ao Sr. Deputado Jorge Leite se este discurso, articulado temporal e substancialmente com um discurso do Sr. Deputado Arons de Carvalho, se destina a servir desde já como acto preparatório da justificação da derrota que o vosso candidato às eleições presidenciais vai obter no próximo domingo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Que megalomania!

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Lembrem-se de 5 de Outubro!

O Sr. Magalhães Mota (ASDI): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito?

O Sr. Magalhães Mota (ASDI): - É para um contraprotesto em relação à intervenção do Sr. Deputado Azevedo Soares.

O Sr. Presidente: - V. Ex.ª desculpe, mas não pode usar da palavra para esse efeito. O Sr. Deputado Azevedo Soares fez um protesto dirigido ao Sr. Deputado Jorge Leite.