O Sr. Antónia Galhordas (MDP/COE): Prefiro responder no fim, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Nesse caso, também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Azevedo Soares.
O Sr. Azevedo Soares (CDS): - Sr. Deputado António Galhordas, ouvi com bastante interesse a sua análise política.
Na sua declaração política ressaltaram-me dois, aspectos que eu gostaria de realçar.
Por um lado, o Sr. Deputado afirmou que o poder político está mais clarificado do que há um ano atrás. Tenho de concordar inteiramente com esta sua asserção. Inclusivamente, quero registar nesta Assembleia alguns aspectos que se prendem, com essa clarificação.
Assim, basta constatar que o seu grupo parlamentar mudou de bancada; basta registar que já não é o PS mas é já FRS; basta recordar que, se o ano passado a FRS foi em grande parte a muleta de que o PS se serviu para esquecer os seus erros e deficiências passadas, ela é hoje, em 1981, a muleta para aqueles que ajudaram o PS, porque o PS volta a ser, com todas as suas limitações um partido com uma identidade própria, e não diluída na FRS.
Estes são, portanto, aspectos de clarificação da situação política que me do verdadeiro 25 de Abril.
O Sr. Sousa Marques (PCP): - Mas por que é que passou da primeira para a última fila da sua bancada?
O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Isso nesta bancada não tem qualquer significado!
O Sr. Presidente: - Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado António Arnaut.
que há um desfasamento e uma dessintonia entre os profundos sentimentos populares e a acção governativa, concluo que não há estabilidade democrática.
De resto, se se entendesse que a estabilidade está ligada ao próprio, exercício da acção governativa, também assim não haveria estabilidade. Com efeito, houve há pouco tempo uma remodelação no Governo, anunciam-se outras remodelações e há sinais evidentes de grandes fricções e de grandes atritos na área da AD e no próprio seio do PSD. Ainda há alguns dias um deputado responsável e dirigente do PSD - o Sr. Deputado Amândio de Azevedo - anunciou publicamente no Porto que a AD deve prever uma derrota estrondosa nas próximas eleições legislativas e autárquicas. Aliás, as eleições realizadas no domingo passado na Nazaré confirmam essa asserção, uma vez que o PS obteve aí a maioria absoluta...
O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - E em Murça?
O Orador: -... à custa da própria AD.
Tudo isto são sintomas evidentes - além de outros, como, por exemplo, o esvaziamento da Lei da Reforma Agrária, a tentativa de revogação da Lei do Serviço Nacional de Saúde, a tentativa da abertura da banca à iniciativa privada que pressagiam uma certa instabilidade.
Daí que eu peça ao Sr. Deputado António Galhordas, com toda a cordialidade, que me diga qual é o seu pensamento a este respeito. Será que estabilidade é continuidade ou mesmo evolução na continuidade? Será que o Sr. Deputado prevê para este governo um mandato de quatro anos? Eu penso que não.
Aliás, penso que é tempo de as forças democráticas começarem a pensar na alternativa democrática para este governo.
O Sr. Moura Guedes (PSD): - Peço a palavra Sr. Presidente, para um protesto.
O Sr. Presidente: - Se é para um protesto em relação às afirmações do Sr. Deputado António Arnaut, tem a palavra.
O Sr. Moura Guedes (PSD): - Queria fazer um brevíssimo protesto e que não é, de maneira nenhuma, um protesto violento.
Não queria deixar sem um comentário as palavras do meu querido amigo deputado António Arnaut acerca de declarações que imputou ao Sr. Deputado Amândio de Azevedo. Deve haver, seguramente, da sua parte um erro de interpreta-