O Sr. Secretário {(Reinaldo Gomes): - Foram apresentados nas últimas sessões os seguintes requerimentos ao Governo, formulados pelos Srs. Deputados José Niza e Dias de Carvalho, respectivamente; ao Governo e a diversos Ministros, no total de nove, formulados pelo Sr. Deputado Magalhães Mota ao Ministério do Trabalho e à Secretaria de Estado dos Transportes Exteriores, formulados pelo Sr. Deputado Mário Tomé ao Ministério da Administração Interna, formulados pelos Srs. Deputados Arons de Carvalho e César de Oliveira, respectivamente; ao Ministério da Indústria e Energia, formulado pelo Sr. Deputado António Mota aos Ministérios da Indústria e Energia e do Trabalho, formulado pelos Srs. Deputados António Mota e Georgete Ferreira; ao Fundo de Fomento da Habitação, formulado pelos Srs. Deputados, Carlos (Espadinha, Ercília Talhadas e Carreira Marques...

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o Sr. Secretário Reinaldo Gomes manifesta-me,, a justo título, a sua insatisfação pela forma como a leitura do expediente foi ouvida, isto é, pelo sussurro constante que se ouviu enquanto decorria a leitura do mesmo.

Chamo a atenção dos Srs. Deputados, e com toda a cordialidade pois a Mesa e também a própria dignidade da Assembleia exige algumas condições para poder funcionar.

Peço aos Srs. Deputados o favor de tomarem os seu lugares.

Como disse há pouco, inscreveram-se para declarações políticas os Srs. Deputados Manuel Alegre, do Partido Socialista, Mário Tomé, da União Democrática Popular, e César de Oliveira, da União de Esquerda para a Democracia Socialista.

Tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

contra a Corte!

Seja como for, parece-me que esta data deveria ser assinalada na Assembleia da República, e por isso aqui venho, em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, propor-vos, alguns minutos de reflexão e de homenagem a esse grande português.

Francisco Sá de Miranda nasceu em Coimbra, em 28 de Agosto de 1481, era filho do cónego da Sé Gonçalo Mendes de Sá. Segundo Teófilo Braga, teria leito os seus estudos de retórica, gramática e humanidades na velha escola de Santa Cruz, tendo depois cursado Direito em Lisboa, onde se doutorou, e foi professor das Escolas Gerais de Alfama. Um pouco como Petrarca, cujo exemplo e cujo modelo viria a seguir, Francisco Sá de Miranda estudou Direito a contragosto, apenas para fazer a vontade a seu pai e - segundo o seu primeiro biógrafo - ao próprio rei D. João III.

A sua verdadeira vocação, a vocação literária, manifestou-se desde cedo, e já em 1516 aparecem poesias suas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende,

[...] vi Roma, vi Veneza e vi Milão.

Em Itália teria contactado com algumas das grandes figuras do Renascimento, como Bembo, Sanazzaro, Ariosto - por intermédio de uma senhora de que era parente, Vitória Colonna, em consequência de um casamento de um dos seus avós com uma avó dessa senhora, Cecília Colonna, uma grande patrícia romana.

Alguns autores afirmam, como Pina Martins, que não há documentos que jovem estes contactos, mas o que importa é o que representou sua viagem a Itália para o próprio Sá de Miranda e para toda a literatura portuguesa. Aí ele contactou com a nova arte, com as novas formas com as novas técnicas.

De regresso a Portugal e de passagem por Espanha teria contactado ainda com Garcilaso e Boscan, os dois poetas espanhóis que tentavam introduzir também em Espanha a nova escola italiana.

Seja como for, em 1527 já estava em Portugal e traz, de Itália a modernidade bem como uma nova medida, o decassílabo traz, ainda, novas combinações estróficas, como o terceto, acoitava e o soneto bem como novos subgéneros líricos, como a canção, a elogia e a écloga, pelo menos em moldes italianos.

É com estas armas, como, nova estética da arte, como nova concepção de poesia aprendida em Itália, que Sá de Miranda vai empreender uma verdadeira revolução literária em Portugal.

Estarão frente a frente dois grupos os da medida velha, os trovistas, e os da medida nova, os petrarquistas, chefiados por Sá de Miranda. Como em todas as revoluções, literárias e artísticas, Sá de Miranda também vai ter os seus opositores, os seus detracto-