[...] resses bastantes sujos e obscuros, a que este projecto de lei também dá cobertura.

Mais duas últimas notas: este documento, que era «urgentíssimo», nunca viu defendida a sua colocação em qualquer agenda de trabalhos desta sessão legislativa, e é agora, á pressa, a martelo, que a maioria pretende injectar uma ordem de trabalhos, que já estava preestabelecida e combinada, com esta matéria. No entanto, apesar desta posição da maioria, é bom que se esclareçam duas coisas. A primeira é que nós não nos opusemos a que fosse agendada esta matéria: Portanto, escusam os Srs. Deputados da AD de pensar em contra-argumentar nesse campo. Nós não nos opusemos a que fosse agendada esta matéria e até não nos oporíamos a que fossem agendadas outras. O que nós contestamos é que a maioria, ao mesmo tempo que infectou esta matéria na ordem de trabalhos, com a argumentação de que ela era urgente, não tivesse permitido que se agendassem outras matérias, provavelmente muito mais urgentes do que esta, argumentando que a ordem de trabalhos já estava previamente estabelecida. Por aqui se vê como a maioria é não só surda ás opiniões daqueles que, dentro dela, pretendem trabalhar um pouco mais, pretendem aprovar mais documentos, pretendem trazer a esta Assembleia questões tão importantes, como a tabela salarial da função pública e, enfim, outras matérias que estavam em causa com o requerimento de ratificação apresentado pelos partidos da oposição ou quando estes pretendem discutir aqui as novas taxas dos serviços Médico-Sociais, quando pretendem discutir aqui e pela primeira vez um «pacote» de criação de freguesias, quando pretendem aqui tomar iniciativas concretas. Nem atendendo a que o ano que estamos a atravessar, e que já está meio gasto, é o ano Internacional do Deficiente a Assembleia da República, por culpa da maioria AD, nada mais fez do que votos piedosos.

Mas não ficamos por aqui, pois, quando quisemos discutir o problema da licenciatura em contabilidade, quando quisemos aqui agendar questões tão importantes como as que acabei de referir, a maioria, sistematicamente, recusou-se a agendá-las, porque dizia que a ordem dos trabalhos já estava estabelecida, que a ordem de trabalhos era sagrada, que nela não entrava mais nada, a não ser aquilo sobre que havia já um compromisso e uma posição de consenso.

Nós aceitamos que se agendasse esta matéria, mas não queremos, deixar passar em claro que, ao contrário da nossa posição, e pese embora as pesadas objecções que levantamos a este tipo de iniciativa e a este projecto de lei, estamos dispostos a discutir não só este projecto de lei, mas também outras iniciativas; venham elas de onde vierem no sentido de trazer a esta Assembleia os problemas que de facto preocupam o povo português.

Esta não é, porém, a posição da maioria. Penso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que nesta curtíssima intervenção levantei os problemas que no fundamental nos preocupam em relação as práticas antidemocráticas da AD.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente:- para pedir esclarecimentos tem a palavra o Sr. Deputado João Morgado.

O Sr. João Morgado (CDS): - Sr. Deputado Sousa Marques, depois de ter indicado o sentido do voto da sua bancada, V. Exa disse que este diploma dá cobertura, mesmo assim, a «interesses sujos e obscuros». Quer dizer, o Sr. Deputado entende que este diploma, depois de sofrer as alterações propostas pela 2.a Comissão Parlamentar, alterações essas que, segundo fui informado pelo Sr. Presidente da referida Comissão, foram aprovadas por unanimidade.

O Sr. Sousa Marques (PCP):- Não é verdade

O Orador: - Portanto depois de expurgado das deficiências, ainda pode ser por si [...]