O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, se o Sr. Deputado insiste em fazer apreciações de conteúdo político, e embora com muito pesar, esta é a última advertência que a Mesa lhe faz devido à natureza de uma sessão que foi estabelecida por consenso, por concordância unânime de todos os partidos - com a qual também V. Ex.ª concordou, pois sem a sua concordância não se teria feito -, a Mesa retirar-lhe-á a palavra.

O Orador: - Sr. Presidente, já expliquei há bocado a razão do conteúdo da minha intervenção, e, aliás, o consenso de ontem já não existe, quer pela forma que foi dada a esta sessão, quer pelas intervenções que já aqui ouvi, pois também elas tiveram conteúdo ideológico e político.

Mas, como eu ia dizendo, só nessa condição a UDP os pode apontar à apreciação do povo português.

E quando o deputado da UDP se levantar ao ser pedido um minuto de silêncio, fá-lo-á num acto simbólico, tendo em mente a perda de sete vidas no brutal acidente de aviação, entre os quais três deputados eleitos desta Assembleia, apresentando aos familiares de todos os seus sentimentos.

No final da intervenção, reentraram na sala os Srs. Deputados que anteriormente a tinham abandonado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, quis esta Assembleia limitar os seus trabalhos de hoje a uma manifestação de pesar da morte de três companheiros nossos que, embora não exercessem as suas tarefas nas bancadas desta Câmara, nos deixaram, quer se concordasse com eles ou se discordasse do seu posicionamento, esta recordação: perante cada responsabilidade concreta assumiam-se inteiros.

Creio que a grande homenagem que se lhes prestou e que aparece naturalmente acrescida aos numerosos testemunhos que aqui foram dados, do mate elevado espírito democrático, é o próprio facto de esta sessão ter sido realizada.

Alguém disse um dia que a democracia era um estado de espírito, que a democracia era essencialmente a manifestação da nobreza de carácter. Suponho que tivemos aqui claras manifestações do entendimento da palavra democracia no seu sentido mais elevado.

Nada mais tenho a acrescentar, ainda sob a viva emoção da perda de três amigos de quem me fica uma imperecível saudade e um esplêndido exemplo.

Na sequência de uma proposta que já deu entrada na Mesa, proponho à Câmara um voto de pesar da morte dos nossos três companheiros de trabalho e que esse voto de pesar seja transmitido aos seus familiares - missão que a Mesa, honrosamente, desempenhará - e proponho ainda que tal seja testemunhado, antes de encerrarmos a sessão, pela guarda de um minuto de silêncio.

A Câmara guardou, de pé, um minuto de silêncio.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, a próxima sessão do Plenário será amanhã à hora regimental. Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 10 minutos.

Deputados que entraram durante a sessão:

Partido Social-Democrata (PSD)

Afonso de Sousa F. de Moura Guedes.

João Afonso Gonçalves.

Júlio Lemos Castro Caldas.

Maria Adelaide S. de Almeida Paiva.

Mário Marques Ferreira Maduro.

Partido Socialista (PS)

Alberto Arons Braga de Carvalho.

António Manuel de Oliveira Guterres.

Francisco Manuel Marcelo Curto.

Luís Nunes de Almeida.

Centro Democrático Social (CDS)

Alfredo Albano de C. Azevedo Soares.

João da Silva Mendes Morgado.

José Augusto Gama.

Luís Carlos C. Veloso Sampaio.

Luís Filipe Pais Beiroco.

Rogério Ferreira Monção Leão.

Partido Comunista Português (PCP)

Carlos Alfredo Brito.

Partido Popular Monárquico (PPM)

Augusto Martins Ferreira do Amaral.

União Democrática Popular (UDP)

Mário António Baptista Tomé.

Deputados que faltaram à sessão:

Partido Social-Democrata (PSD)

Eleutério Manuel Alves.

Manuel da Costa Andrade.

Partido Socialista (PS)

António José Vieira de Freitas.

António de Sousa Gomes.

Jorge Fernando Branco Sampaio.