O Sr. Carlos Lage (PS): - Sr. Presidente, não quero ultrapassar pessoas que se encontram inscritas.

O Sr. Presidente: - Muito obrigado. Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo para contraprotestar em relação ao protesto do Sr. Ministro.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Sr. Ministro, afinal quem é que aqui insultou um membro do Governo?

Será que o Sr. Ministro já considera que são insultos perguntas sobre ligações de empresas, umas entre as outras, perguntas sobre que ligações existem entre algumas pessoas, cujos nomes disse há pouco, e membros deste governo em relação a multinacionais? Isto são calúnias, Sr. Ministro?

O Sr. António Vitorino (PSD): - Santa ingenuidade!

A Oradora: - Então se são calúnias, por que é que os senhores não desmentem aqui com factos, com provas documentais, o que se passa? Que negociações é que existem em relação a estas multinacionais? Por que é que os senhores não trazem aqui todo esse processo? Por que é que os senhores não demonstram perante os deputados a realidade das negociações que existem de todos os acordos que estão feitos? Por que é que o não fazem? Só assim o Sr. Ministro poderá demonstrar que é mentira o que eu disse?

Agora dizer que é mentira, só por dizer, creio que a sua palavra de homem é tão importante como a minha de mulher. E quanto a isso não pode haver diferenças.

Aplausos do PCP.

Queria, ainda, dizer-lhe, em relação à representatividade do Partido Comunista Português, que o que nós aqui estamos a defender o fazemos com o apoio de mais de l milhão de portugueses que votaram em nós e que o Sr. Ministro acabou de insultar. Ainda há pouco fez insultos e calúnias perante o povo que votou em nós.

Aplausos do PCP.

Queria ainda dizer-lhe, Sr. Ministro, que é tamanha a sua ideia totalitária...

Risos do PSD

... que já diz que o Governo é deito.

O Governo no nosso país não é eleito, Sr. Ministro. Quem são eleitos são os Deputados desta Assembleia.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - O Governo, por enquanto, apenas tem o apoio da maioria governamental desta Assembleia, mais nada.

Ponha travões ao seu espírito totalitário e contente-se com o apoio que a maioria parlamentar lhe dá, por enquanto.

Aplausos do PCP.

O Sr. José Vitorino (PSD): - Acha pouco?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Castro Caldas.

O Sr. Castro Caldas (PSD): - Sr. Presidente, é para fazer um protesto.

Tenho ouvido com imensa paciência a intervenção da Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo e devo dizer que grande parte das afirmações que a Sr.ª Deputada tem feito nesta matéria são tecnicamente incorrectas, e tentaria demonstrá-lo na intervenção que irei fazer subsequentemente.

A intervenção que a Sr.ª Deputada acaba de fazer é uma intervenção que me obriga a fazer um protesto, porque a Sr.ª Deputada veio dizer a um Parlamento, que tem como obrigação fiscalizar a actividade de um governo, que existem sórdidas negociatas. E quando um deputado diz num Parlamento que existem sórdidas negociatas, demonstra-o, sob pena de ser mentiroso.

Protestos do PCP.

Por favor, deixem-me continuar.

As sórdidas negociatas de que a Sr.ª Deputada fala referem-se a relações de parentesco do Sr. Ministro da Agricultura com accionistas de empresas do sector.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Casualidades!

O Orador: - Que eu saiba isso não são sórdidas negociatas, mas antes relações de parentesco.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Mais ou menos!

O Orador - Que as relações de parentesco podem dar azo a imputações, do estilo das que o PCP tem feito, é evidente que o deram ao longo da história do parlamentarismo português.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - É o caso concreto!

O Orador: - Peço números! Peço provas! Peço documentos!

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Não me diga!

O Orador: - Não têm?

Inclusivamente, venho dizer mais: sou administrador da Companhia Industrial de Portugal e Colónias...

Vozes do PCP: - Também?

O Orador: - ...que é uma empresa propriedade do Estado.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Gerida por alguém nomeado pela AD!

O Orador: - Gerida por administradores que têm como missão zelar pelo património que lhes está confiado.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Queriam!

O Orador: - E a Sr.ª Deputada Ilda Figueiredo acabou de dizer aqui que a Companhia Industrial de Portugal e Colónias tinha entrado numa sórdida negociata com a empresa Contiluso. Prove-o, Sr.ª Deputada!