mesma coisa. Perguntava ao Sr. Debutado como é que enquadra esse mecanismo de derrube do Governo: no quadro constitucional vigente. Isto é, está o Partido Comunista aqui, neste debate, a preconizar um golpe anticonstitucional ou está o Partido Comunista a anunciar aqui que vai pressionar a única entidade que fora desta Assembleia tem capacidade para demitir o Primeiro-Ministro e que é o Presidente da República? Vai tentar o Partido Comunista pressionar o Presidente da República até esse ponto? É, se a hipótese é essa, pergunto porquê e até que ponto essa estratégia é do conhecimento público, designadamente do conhecimento do Sr. Presidente da República.

Aplausos do CDS, do PSD e do PPM.

Entretanto, reassumiu a presidência o Sr. Presidente, Leonardo Ribeiro de Almeida.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Robalo.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Permitam-me que, nesta primeira breve intervenção e depois de duas sessões legislativas ausente deste Parlamento, apresente, extensivos a todos, os meus melhores cumprimentos. E naturalmente me felicito por ter entrado neste Parlamento ouvindo uma intervenção do Sr Deputado Lino Lima, único deputado com espírito, de humor na bancada do Partido Comunista, já que p humor não faz propriamente parte da mesma bancada. De facto, é agradável ver alguém tratar temas profundos humoristicamente, porque só assim poderiam ser abordados. È mais: com um sorriso, não comandado. Naturalmente que só com humor se podem, de facto, discutir problemas de democraticidade entre a bancada do Partido Comunista e o governo chefiado pelo Sr. Dr. Pinto Balsemão.

Limitando-me a estes dois intervenientes no processo, penso que só o Dr. Pinto Balsemão tem legitimidade política e moral para se definir como defensor da democracia, até porque este não é o objectivo do Partido Comunista, é, sim, um roubo semântico do Partido Comunista. Isto porque jamais ,o Partido Comunista praticou a democracia onde atingiu o Poder e jamais o Partido Comunista atingiu o Poder por meios democráticos.

Portanto, o Sr. Primeiro-Ministro conta aqui corri a certeza de que, de facto, ao discutir a democracia, V. Ex.ª é, efectivamente, um democrata que, se pode apresentar como tal ao povo português, até porque o Partido Comunista, para se assumir a ele mesmo, devia assumir-se como ditadura do proletariado, e não como democracia.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Não diga despautérios.

defende eleições livres. Pergunto-lhe também se está na disposição de aprovar um voto criticando a URSS pela descarada interferência na vida interna da Polónia, na vida e liberdade dos trabalhadores polacos.

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Estamos a discutir os problemas dos Portugueses ou os problemas da Polónia?

O Orador: - No caso de o Partido Comunista aceitar este desafio que lhe faço, propunha que fosse o Sr. Deputado Lino Lima, como deputado e jurista brilhante que é, a elaborar esses mesmos votos. Terão, com certeza, o nosso apoio.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Olhe que se calhar não têm!

O Orador: - É desejável que o cariz intemacionalista do Partido Comunista se manifeste nas zonas onde os comunistas detêm o Poder, coarctando as liberdades.

Aplausos do CDS, do PSD e ao PPM.

O Sr. Presidente:-Tem agora â palavra o Sr. Deputado Lino Lima para responder, se o desejar.

O Sr. Lino Lima (PCP):-Sr. Presidente, Srs. Deputados: Foi interessante ver como é que o meu discurso provocou intervenções dos partidos da maioria. Seria natural que, perante as acusações, as afirmações que referi, os Srs. Deputados interpelantes dissessem alguma coisa de concreto sobre a vida política do nosso país nos últimos tempos, sobre a crise do anterior governo e a constituição deste. Não, sobre isso não disseram uma palavra.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): -A cassete já não tem resposta.

O Orador: - É evidente que a não disseram, porque d não podiam dizer. E falaram porque tinham de falar, porque parecia mal à maioria ficar calada depois do meu discurso.

Aplausos do PCP.

Quero dizer, respondendo em conjunto aos Srs. Deputados que me interpelaram, que, se , os Srs. Deputados entendem que democracia é aquilo a que assistimos no mês de Agosto - às chantagens, dos golpes baixos, ao achincalhamento mútuo a que