O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado portanto quer significar, que pretende ceder o tempo sobrante do seu partido ao Governo.

O Orador: - Exactamente.

O Sr. Presidente: - Essa cedência é com prejuízo da intervenção do Sr. Deputado que ia falar de seguida ou é o saldo que resultar da intervenção?

O Orador - Não, Sr. Presidente, é o saldo do tempo que temos a nosso crédito neste momento.

Quanto ao momento em que falará o meu colega Faria dos Santos, o grupo parlamentar decidirá. O que eu queria neste momento era procurar atribuir o nosso tempo...

O Sr. Presidente: - Já percebi, Sr. Deputado. Neste momento o PSD tem onze minutos que ainda não utilizou e o problema todo está em saber se há consenso em que esse tempo, de que o PSD prescinde nesta sessão, transite em benefício do tempo do Governo. Para que o Governo use dele ainda hoje, ou para que fique como crédito para amanhã?

O Orador: - Não, Sr. Presidente, para que o débito do Governo não seja tão grande amanhã, visto que o Governo está em débito.

O Sr. Presidente: - O problema é, pois, a questão de saber se os partidos estão na disposição de formar consenso neste ponto.

Como perceberam já, seria desnecessário explicar, mas, para meu próprio beneficio, procurarei clarificar melhor.

A ideia do Sr. Deputado Silva Marques é de prescindir do uso dos onze minutos de que dispõe o seu grupo parlamentar hoje, para beneficiar o Governo amanhã.

Há alguma oposição?

O Sr. Almeida Santos (PS): - Dá-me licença, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, custa-me muito não ser elegante para quem o foi comigo. Só que me parece que as duas situações não são paralelas.

Que os grupos parlamentares troquem tempo entre si parece-me mais normal do que os grupos parlamentares cederem tempo ao Governo. Apesar de tudo, se o Governo disser amanhã que para acabar uma intervenção precisa de algum tempo, não muito, que possa ser-lhe cedido por qualquer grupo parlamentar, da oposição ou não, acho isso normal. Mas que se faça uma contabilização prévia por forma que o Governo receba os saldos não utilizados pelos partidos que o apoiam, sinceramente, parece-me que está fora do nosso esquema e da cordialidade que se tem estabelecido em pequenas quantidades entre os vários grupos parlamentares.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr. Deputado Veiga de Oliveira.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Deputado, o que eu pretendo é que o tempo em que o Governo falou ultrapassando o seu limite de hoje seja descontado nos onze minutos que ainda temos. Portanto, o Governo falou hoje, não está a utilizar tempo de amanhã, nem está a transferir contas. O que eu pretendo é que se admita que aqueles onze minutos que temos sejam considerados como onze minutos em que o Governo falou hoje.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Deputado, eu percebi muito bem, desde o inicio da sua exposição, mesmo quando parecia que era difícil percebê-lo. Eu percebi muito bem o que é que o Sr. Deputado queria: Não é um problema de incompreensão.

Parece-me que seria razoável que nós adoptássemos este critério: ceder tempos, sim, justificando-se. Ainda há pouco foi cedido ao PS, porque ele o ia utilizar hoje. Repare: ia utilizá-lo hoje. O Governo utilizou-o hoje, já utilizou o seu tempo de amanhã, e a questão que se põe, e pôr-se-á amanhã, é, se o Governo amanhã precisa de onze minutos, que é aquilo que o Sr. Deputado quer ceder, para acabar uma intervenção, ou para dar respostas - como já temos feito, mesmo sem que ninguém lho ceda, temos aceite que ele use, com alguma magnanimidade, de

mais algum tempo para responder, quando é caso disso, ou para acabar qualquer coisa que esteja a dizer -, se isso será possível.

Tem-se praticado sempre isto, mesmo quando são governos aos quais nós nos opomos de maneira total, como é o caso. Mas não é isso que está em causa. Não há aqui nenhuma gentileza política, é simplesmente uma questão de processo e de seguirmos o que temos feito sem nenhuma dificuldade. 15to é, amanhã, se o Governo precisar, no fim, de onze minutos para acabar qualquer assunto ...