tual, refere-se à intervenção do Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé afirmou aqui que a APU não era uma força opositora à AD. Devo dizer que os números desmentem completamente a sua afirmação. Talvez o Sr. Deputado tenha querido dizer outra coisa e daí o meu protesto: é que a APU não é uma força marginal da sociedade portuguesa.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Muito bem!

O Orador: - A APU tem raízes fundas no povo. Por isso passou no concelho de Loures de 32 000 votos, em 1976, para 56 000 votos. Isto é, passou de 32 % para 45 %, enquanto a UDP passou de 4800 votos para 800, isto é, passou de 4,8 % para 0,8 %

Sr. Deputado Mário Tomé, nós somos oposição consequente e real à AD e à sua política. V. Ex.ª, pelos votos do concelho de Loures - o 3.º município do País e que é altamente representativo pela sua população e pela qualidade dos seus habitantes -, representa uma força marginal no quadro das forças políticas em Portugal.

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para responder ao protesto formulado pelo Sr. Deputado Raúl Rêgo, visto que foi a mim que ele há pouco se dirigiu.

0 Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Raúl Rêgo, não quero, de maneira nenhuma dizer que a República não foi um enorme movimento popular; pelo contrário, penso que o foi: apaixonou as multidões, sobretudo a baixa burguesia das cidades. A baixa burguesia urbana de Portugal foi praticamente toda conquistada pelo movimento republicano, sobretudo através das sociedades de crédito.

A República foi, portanto, um movimento que apaixonou o povo português. O que há pouco eu quis dizer é que hoje em dia, historicamente, setenta e um anos depois, esse movimento perdeu completamente o seu impacte sentimental.

Disse há pouco o Sr. Deputado Herberto Goulart que, se o presidente da Câmara de Lisboa fosse outro que não o engenheiro Nuno Abecasis, a manifestação na Praça do Município seria diferente. Recordo ao Sr. Deputado Herberto Goulart que em 1974 e 1975 as manifestações na Praça do Município foram iguais às deste ano.

Vozes do PCP: - Não foram, não!

O Orador: - A comprová-lo poderá ler os jornais da altura. Portanto, esse movimento perdeu completamente o seu impacte nas gerações jovens.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Isso é falso!

O Orador: - Foi isso o que quis dizer.

Não pode ser, de maneira nenhuma, aliado nem à ideia de democracia nem de progressismo social. Que eu conheça, nenhum partido português tem nos

seus estatutos uma disposição que diga que dele só podem figurar republicanos, nem o Partido Socialista, nem - creio - o Partido Comunista. Portanto, a ilação dos 99,5 % de republicanos é uma afirmação como outra qualquer, mas perfeitamente irrelevante.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Darei a palavra ao Sr. Deputado Mário Tomé porque, em meu critério, ele foi referido, assim como o seu partido.

Tenha a bondade, Sr. Deputado Mário Tomé.

lução para uma transformação radical deste regime para repor o 25 de Abril, com o qual o 25 de Novembro nada tem a ver.

Por isso é que os partidos que representam a força dos trabalhadores passam o seu tempo a convencer os próprios trabalhadores que o actual regime é para suportar, que é um regime que tem possibilidades de se desenvolver no sentido de melhorar as condições de vida dos trabalhadores, que Eanes é um homem democrata, que Eanes quando empossou Balsemão, pela segunda vez, se enganou - quando toda a gente sabe que Eanes está de acordo com o projecto político da AD. A UDP tem dificuldades em hegemonizar determinados grupos de cidadãos apesar de, ao nível das empresas e das fábricas, a UDP estar, de uma forma cada vez mais clara, a colocar a sua política à frente, digamos assim, das grandes lutas e aí, sim, combate-se o governo reaccionário da AD. Combate-se a todos os níveis nas empresas, nos campos e nas fábricas onde outras forças políticas, com grandes responsabilidades democráticas, recuam em toda a linha.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A sessão legislativa que hoje se inicia começa da pior maneira: por uma proposta da actual maioria no sentido de que a esta Assembleia