O Sr. Moura Guedes (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Como ia dizendo, há um requerimento do Sr. Deputado Carlos Lage no sentido de serem suspensos os trabalhos por 15 minutos. Posteriormente a isso foi deduzida uma impugnação em relação à decisão da Mesa. Creio que o requerimento terá de ser imediatamente votado. E era nesse sentido, realmente, a minha interpelação à Mesa, que fosse imediatamente votado o requerimento de suspensão dos trabalhos por 15 minutos apresentado pelo Sr. Deputado Carlos Lage e que se efectuasse imediatamente uma reunião dos líderes parlamentares.

Uma voz do PSD: - Muito bem!

Neste momento verifica-se certa agitação.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, peço imensa desculpa, mas ao Presidente da Assembleia da República cabe assegurar a ordem dos trabalhos. Estou a verificar neste momento que os Srs. Deputados querem inscrever-se para variadíssimas questões e, em vez de esclarecermos os assuntos, eles embrulham-se cada vez mais. Os Srs. Deputados protestam porque a palavra é dada a colegas, e eu aproveito para lhes responder que o Sr. Deputado Moura Guedes pediu a palavra para interpelar a Mesa quando os outros Srs. Deputados não disseram para que efeito queriam usar da palavra. Sendo assim, o Presidente tem de dar preferência aos Srs. Deputados que pedem a palavra para interpelar a Mesa.

Considero que os trabalhos não estão a decorrer no clima desejável e, independentemente do requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Carlos Lage, interrompo a sessão para se realizar imediatamente uma conferência dos grupos parlamentares, a fim de este assunto ser apreciado e posteriormente se tomar a deliberação que for julgada conveniente.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM e protestos do PS, do PCP e da UEDS.

O Sr. Presidente: - Está suspensa a sessão. Eram 16 horas e 50 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão. Eram 17 horas e 25 minutos.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, depois da apreciação, a que se procedeu na Conferência dos Presidentes dos Grupos Parlamentares, dos problemas que se levantaram nesta reunião e que estiveram na origem da interrupção dos nossos trabalhos, verificou-se um consenso entre os presidentes dos grupos parlamentares no sentido de que fosse dada a palavra, para uma comunicação a esta Assembleia, ao Sr. Deputado Mário Tomé.

Desde que há consenso neste sentido, a Mesa não tem qualquer dúvida em conceder-lhe a palavra, ainda que isto represente uma alteração da ordem de trabalhos.

Tem, portanto, a palavra para o efeito pretendido o Sr. Deputado Mário Tomé.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O facto que me fez solicitar ao Sr. Presidente a possibilidade de falar fora da ordem de trabalhos é, no meu entender, muito grave e vem, aliás, no sentido para que apontam já outros factos que eu também já tive aqui oportunidade de relatar. São factos que põem em causa o trabalho dos deputados, as liberdades constitucionais e põem .em causa, no fundo, o próprio Parlamento.

Hoje, como todos VV. Ex.ªs sabem, estiveram em frente à Assembleia trabalhadores dos têxteis, distribuíram comunicados relatando as suas razões e a sua luta, e o deputado da UDP foi falar com esses trabalhadores. Esses trabalhadores estavam ao cimo da escadaria exterior antes da estrada que separa essa escadaria do edifício da Assembleia. Estavam, exactamente, no local que lhes tinha sido delimitado pelas forças de segurança da Assembleia, em cumprimento das ordens que lhes foram dadas. Portanto, estavam legitimamente e estavam ali autoridades. Oliveira identificou-se e a deputada Teresa Ambrósio também. E o senhor continuou, no mesmo ar provocatório, arrogante e agressivo, dizendo que não gostava de comícios, pelo que o deputado César de Oliveira lhe respondeu que ele não tinha de gostar nem deixar de gostar, que se não gostava, o azar era dele, porque nós, deputados, usávamos, e ali muito