ria de dois terços. Eu diria que a mesma maioria que neste momento faz os dois terços provavelmente também fará os quatro quintos.
Portanto, em rigor, a mesma vontade pode ser accionada na base dos dois terços ou na base dos quatro quintos. Então porque não deixamos que também este princípio tenha a rigidez da própria Constituição?
Para não ir mais longe, entendemos que a existência do sector público actual é condição básica de subordinação do poder económico ao poder político; entendemos que a existência de um forte sector público - não mais forte que o actual, porque não está no nosso espírito qualquer nova nacionalização - é não só uma atitude de fidelidade ao espírito é à vontade implícita no 25 de Abril que é, no fundo, uma homenagem ao 25 de Abril, que é um factor pacificante da economia portuguesa, a garantia de que não teremos de voltar a sujeitar-nos ao trauma de o poder político pertencer a meia dúzia de grupos privados, com o seu banco, a sua segu radora e o seu jornal, eternizarem os ditadores nas cadeiras de S. Bento...
O Sr. António Amaral (PS): - Muito bem!
O Orador: - No fundo, o Partido Socialista quer dizer que é assim que, conscientemente, assume as suas responsabilidades.
Aplausos do PS.
Entretanto assumiu a Presidência o Sr. Vice-Presidente José Vitorino.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra para um pedido de esclarecimento o Sr. Deputado Sousa Tavares.
O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Deputado Almeida Santos: Em primeiro lugar gostaria de fazer uma rectificação: não empreguei a palavra «lorpas», há aí um engano auditivo. Falei de nacionalizações estúpidas, agora a palavra' «lorpas» foi uma palavra que não empreguei no meu discurso.
O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Deputado, peço desculpa se não a empregou. Nós ouvimo-la. Há um lapso, evidentemente, de audição. De qualquer forma, os meus argumentos ficam reconduzidos à palavra «estúpidos».
rte da minha parte: que é a necessidade eventual de uma nova nacionalização ser paralisada, completamente, por esta disposição legal, pelo menos, enquanto houver determinado tipo de maiorias. Este argumento é politicamente muito forte porque o argumento ia nos dois sentidos: se impede as desnacionalizações, também, psicologicamente, impede qualquer nacionalização que seja eventualmente justa de fazer. Parece-me que este argumento «caiu no chão», sem que o Sr. Deputado lhe tivesse feito a menor referência, embora seja, quanto a mim, bastante importante.
Portanto, não somos nós que estamos a dramatizar.
E, inclusivamente, o Sr. Deputado Almeida Santos vem com argumentos - desculpe que lhe diga - que eu não considero do seu nível, nem da sua altura. A invocação dos ideais psicológicos do 25 de Abril, ... desculpe-me mas eu lembro-me do 25 de Abril e ele não foi apresentado, de maneira nenhuma, como programa de nacionalizações, antes pelo contrário, digamos até que nessa altura o líder e secretário-geral do Partido Comunista Português defendia as não nacionalizações, defendia que o que era necessário era implementar o regime democrático e, de maneira nenhuma...
O Sr. Carlos Brito (PCP): - É falso!
O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - É redondamente falso!
O Orador: - Não é falso, bastará ver os arquivos jornalísticos de 1974. Se for preciso eu trago-os aqui à Câmara e leio-os.
Uma voz do PCP: - Isso era a primeira fase!
conquista do ideal democrático em Portugal - à existência de um plano de nacionalizações. Não me parece que esse tenha sido jamais um ideal apresentado pelo 25 de Abril nem por quem fez a revolução, nem sequer por quem lhe sucedeu imediatamente. Foi um ideal que se veio sobrepor depois à Revolução do 25 de Abril.
Estou perfeitamente de acordo com algumas nacionalizações que foram feitas e eu próprio já defendi aqui nesta Assembleia a nacionalização dos bancos de depósito e a necessidade de não existirem bancos de depósito particulares, pois não me parece de maneira nenhuma que sejam necessários nem úteis. Já não digo o