O Orador: - ... que o Partido Socialista aceita lições de democracia.

Protestos do PCP.

O Orador: - Não é de uma força política que se recusa a assumir integralmente um projecto em defesa das liberdades públicas - que fecha permanentemente os olhos às violações dos direitos humanos numa parte do Mundo, que está constantemente a aludir a essas violações onde e quando lhe convém- que o povo português, esta Assembleia da República, e a consciência liberal, democrática e socialista dos portugueses, pode aceitar qualquer lição.

O PCP fala para o passado, nada diz ao presente, e não fala para o futuro.

Aplausos do PS, do PSD. do CDS e do PPM

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Agradecia que me informasse para que efeito, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, é para exercer o direito de defesa.

O Sr. Presidente: - Agradecia que fosse breve e se restringisse à defesa da sua dignidade e honra. Tem V. Ex.ª a palavra.

Aplausos do PCP.

O Orador: - O Sr. Deputado teve a prova disso nos aplausos com que a sua intervenção foi calorosamente saudada pelas bancadas da AD.

Protestos do PS, do PSD, do CDS e do PPM.

O Orador: - Eu dispenso-me, por isso mesmo, de responder às torpes calúnias que lançou sobre nós nos mais diversos aspectos.

Protestos do PS, do PSD, do CDS e do PPM.

O Orador: - Queria dizer-lhe, Sr. Deputado Jaime Gama, que a consciência dessas cedências faz com que proceda da maneira como aqui hoje, exuberantemente, demonstrou.

Também quando fizeram a aliança como CDS, puseram o socialismo «na gaveta», e fizeram um conjunto de cedências a essa força que se iam aliar...

O Sr. António Arnaut (PS): - Não apoiado!

O Orador: - Os senhores procuraram explicar isso em nome da estabilidade do regime, em nome da democracia. Mas não foi nem em nome dessa estabilidade, nem do reforço da democracia...

Protestos do PS e do CDS.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Essa é a vossa maneira de ver!

O Orador: - ...e tão pouco contribuiu para tornar o Partido Socialista mais forte. O Sr. Deputado deve saber tão bem como eu que data dessa altura a queda súbita do PS em termos eleitorais.

Agora quando o Partido Socialista e o seu principal dirigente se orientam para outras alianças, para outras ambições, para outras posições, os senhores cometem de novo o mesmo erro,...

Uma voz do PCP: - Muito bem! A questão é essa!

O Orador: - ... com a convicção -que eu admito que em muitos de vós seja perfeitamente honesta, perfeitamente segura, - de que isso será um contributo para consolidar a democracia em Portugal. Os senhores estão a ceder mais e mais trunfos à direita -como vêm fazendo ao longo destes últimos seis anos -, estão a ceder mais posições, mais meios, para a direita continuar a atentar contra a democracia em Portugal.

Vozes do PCP: - Muito bem!

Protestos do PSD e do CDS.

O Orador: - E é aqui que veio a questão do golpe de Estado. O meu camarada Álvaro Cunhal não afirmou que os senhores estavam com a AD num golpe de Estado contra a democracia. Não afirmou isso.

Protestos do CDS.

O Orador: - O Secretário-Geral do meu partido o que afirmou é que se estão a chegar a soluções...

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Quer interromper? Para ajudar o Sr. Deputado Jaime Gama? Olhe que ele bem precisa!

Faça favor.

Risos do PCP.

O Sr. Luís Beiroco (CDS): - Queria-lhe perguntar se agora, em matéria de golpe de Estado, ía realmente tirar o «coelho do chapéu».

Aplausos do CDS, do PSD e do PPM.

Risos do PSD, do PS, do CDS e do PPM.

O Orador: - Olhe Sr. Deputado Luís Beiroco, historicamente os senhores fizeram um golpe de Estado infamante para Portugal, que foi o 28 de Maio. Nós tivemos o 25 de Abril.

Em matéria de golpe de Estado, estamos conversados!

Aplausos do PCP.

Protestos do CDS.