O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - O Sr. Deputado também quer ajudar o Sr. Deputado Jaime Gama, ou quer ajudar o Sr. Deputado Luís Beiroco?

Sr. Presidente, eu nestas circunstâncias levo mais tempo.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado é que está no direito de deixar ou não que o interrompam.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Os meus princípios de comportamento democrático,...

Risos do PSD, do PS, do CDS e do PPM.

O Orador: - ... e que nunca desmenti nesta Casa, levam-me a que, quando um Sr. Deputado me pede para interromper, eu conceda.

O Sr. Presidente: - Com certeza. Sr. Deputado, está no seu direito.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Mas, Sr. Deputado Carlos Brito, eu não quero que sejam as circunstâncias, mas sim o seu comportamento parlamentar -e repito parlamentar- que permita ou não permita a interrupção.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Queria dizer-lhe que não estou em apoio do Sr. Deputado Jaime Gama nem de ninguém, até porque não tenho uma noção colectivista da actuação parlamentar.

A única coisa que acontece é sorrir-me um pouco com a mediocridade de apartes e de intervenções. E é, de facto, pelas aleivosias de V. Ex.ª que sou levado a referir esta mediocridade, esta noção colectiva que nada tem a ver com a actuação parlamentar, nem com regimes democráticos,...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Ele só sabe fazer isso!

O Orador: - ... ainda que naturalmente o Sr. Deputado vá enchendo para si mesmo a boca com a palavra democracia.

Era só isto que lhe queria dizer.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Deputado Carlos Robalo, permiti a interrupção julgando que era para uma coisa séria. Afinal, eu também me rio com certas intervenções parlamentares e da sua mediocridade, Sr. Deputado Carlos Robalo.

Protestos do CDS.

O Orador: - Volto à questão que estava a abordar, se os Srs. Deputados do CDS me deixarem dialogar livremente com a bancada do PS e com o Sr. Deputado Jaime Gama.

Dizia eu que foi o mesmo erro de cálculo que vos levou nessa altura a fazer cedências ao CDS que se demonstraram pela vida e pela prática, extremamente desastrosas para a democracia portuguesa.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Agora, levados por outras ambições, por outras alianças, pela vontade de conquistar outras posições que até para muitos de vós, podem aparecer como conduzindo à consolidação da democracia portuguesa os senhores estão a cometer todos estes erros que conduzem àquela situação que o meu camarada Álvaro Cunhal aborou no seu discurso do passado domingo, na festa do Avante.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

Aplausos do PCP e do MDP/CDE.

Protestos do PSD, do CDS e do PPM.

O Orador: - É nesta base que os acusamos de estarem a prestar um péssimo serviço à democracia portuguesa, de estarem a pôr nas mãos da AD, nas mãos da força da direita, nas mãos da reacção, meios extremamente poderosos para que elas ataquem amanhã a democracia portuguesa, dando um golpe de Estado contra o regime democrático.

Uma voz do PCP: - Muito bem!

O Orador: - É a isto que os Srs. Deputados não responderam. E o Sr. Deputado Jaime Gama, ao longo da sua intervenção, não foi capaz de responder cabalmente à maneira como lhe coloquei aqui a questão das chefias militares e contrapor a nossa posição nesta matéria, incluindo a posição de que fique tudo como está.

Em relação a este problema os senhores é que querem mudar. E a vossa mudança, a alteração que propõem, vai favorecer a AD e os seus planos de conspiração e de subversão contra o regime democrático. Não "arrepiem" caminho e conversaremos daqui por seis meses, - mesmo em relação a certos planos que têm de eleições legislativas antecipadas, para já não falar nos resultados que terão nas eleições para as autarquias.

Vozes do PCP: - Muito bem!

Protestos do PS.