exemplo, já que a nossa solidariedade é para com todos os jornalistas e agentes de informação.

De facto, a liberdade de estes informarem é para nós extraordinariamente importante, da mesma maneira que é importante a responsabilidade na informação.

Aplausos do CDS, do PSD, do PPM e do Sr. Deputado Magalhães Mota da ASDI.

O Sr. Presidente! - Tem a palavra o Sr. Deputado Herberto Goulart.

O Sr. Herberto Goulart (MDP/CDE): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Magalhães Mota: Não vou usar, como é evidente, a figura do esclarecimento. Dispenso, naturalmente, o Sr. Deputado de se sentir na obrigação de dar resposta às questões que vou levantar, relativamente ao caso verificado com o jornalista Carlos Fino em Moscovo.

Em primeiro lugar, gostaria de afirmar, da nossa parte, o repúdio pelo comportamento dos policiais ou da política moscovita em relação ao cidadão Carlos Fino. E isto por duas razões: primeiro, porque estivesse ou não o cidadão Carlos Fino em missão jornalística (e não o sabemos seguramente, pois a informação que temos pela imprensa não é suficientemente clara), identificou-se claramente como jornalista, eventualmente em missão que lhe interessaria, que foi ofendido e privado da sua liberdade de actuação pela polícia. Depois, porque foi um cidadão português que (numa esquadra de polícia, num posto ou lá o que fosse) foi, de facto, pelo que vem nas notícias, selvaticamente agredido em termos de se verificar, inclusivamente, que tem de ser submetido a uma intervenção cirúrgica.

Naturalmente que esta atitude dos policiais soviéticos merece o nosso firme repúdio. É também pertinente afirmar aqui a nossa solidariedade ao jornalista Carlos Fino, nomeadamente em termos humanos, e dizer também que ao Governo português competia, com fez por intermédio da Embaixada de Portugal em Moscovo, pedir explicações ao Governo da União Soviética.

Era isto quanto entendíamos que devia ser feito. No entanto, ao fazermos estas afirmações pensamos que temos uma autoridade moral diferente da de outros que aqui se têm pronunciado. Em primeiro lugar, condenamos o alarido histérico que em torno desta questão certas forças políticas e certos movimentos de opinião têm procurado fazer. Por outro lado, não podemos deixar de pôr em confronto a atitude daqueles que - não diria que transformaram esta questão numa questão nacional - procuram dar-lhe uma projecção de tal ordem, quando são perfeitamente insensíveis às situações de manipulação da Comunicação Social, da privação do direito dos jornalistas em Portugal e que, quando aqui nesta Assembleia se procuram discutir situações concretas da Comunicação Social e inclusivamente de abertura de inquéritos, procuram abafar e contrariar as posições justas e democráticas dos partidos da oposição.

Penso que a nossa atitude é também bem diferente da hipocrisia daqueles que, perante acontecimentos verificados com as nossas polícias, diariamente relatados, relativos aos comportamentos nas esquadras, nomeadamente por parte da PSP, perante acontecimentos como os verificados no campo de futebol do Benfica, no campo da Marinha Grande, na altura da greve de Fevereiro em Lisboa e quando do 1.º de Maio no Porto, se colocam numa atitude de tentar impedir que esta Assembleia da República exerça os seus totais direitos de fiscalização sobre o Governo, procurando que mente de muitos deputados das bancadas desta Assembleia.

Aplausos do MDP/CDE, do PCP, da UEDS, da UDP e do Sr. Deputado António Arnaut do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para responder, o Sr. Deputado Magalhães Mota.

sibilidade se serem os polícias a verificar se o jornalista está ou não em serviço.

Em terceiro lugar, não se diga que o acto de violência é grave por se tratar de um jornalista. Ele é grave por se tratar de qualquer cidadão.

Diria, no entanto, que os jornalistas não têm o privilégio de serem cidadãos diferentes dos outros. Acontece é que somos nós que, para sermos uma sociedade livre, precisamos que os jornalistas tenham condições de" exercer livremente a sua função.

Finalmente, Sr. Presidente e Srs. Deputados, já que os incidentes ocorreram em Moscovo, tomemos uma lição de Tchekov:

Não nos tornemos santos à custa de pecados alheios!

Aplausos da ASDI, do PS, da UEDS e de alguns Deputados do PSD.