O Sr. Vital Moreira (PCP): - Posso interrompê-lo, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Ó Sr. Deputado, eu compreendo o argumento da celeridade, mas creio que ele é ultrapassável: nos casos em que a Assembleia não está em funcionamento passa a decidir a Comissão Permanente.

É tão célere como o Governo, está permanentemente reunida.

E quanto ao outro argumento que aduziu, não lhe parece que a ideia da confiança no Governo e da fiscalização levaria, então, a entregar tudo ao Governo e a limitarmo-nos nós, Assembleia da República, a fiscalizar o Governo e a abdicar de todas as nossas funções?

Eu creio que o argumento prova de mais. Não lhe parece.

O Orador: - Nós não abdicamos de nada quanto às nossas funções.

Quando aprovamos o Programa do Governo, aprovamos uma determinada política estrangeira do Governo, mas mantemos a fiscalização sobre essa política. Esses são actos de política externa que cabem perfeitamente dentro do âmbito de fiscalização que a Assembleia exerce sobre a política estrangeira do Governo.

Agora, eu penso que não devemos parlamentarizar demasiadamente o regime. Não vamos de um excesso para o outro.

Nós temos sido acusados de parlamentarizar o regime em detrimento do Presidente da República e agora tenho a impressão que, na vossa bancada, há o intuito de parlamentarizar o regime em detrimento sistemático do Governo. Ora, para nós, o Governo oferece as mesmas condições de confiança, ou de desconfiança, que o Presidente da República. E não estou agora a falar no Governo que defendo e suporto. Se amanhã fosse um Governo da FRS teria exactamente a mesma confiança, neste problema, que tenho num Governo da AD.

Eu não ponho aqui um problema de confiança. Julgo que este não è um problema que mereça uma parlamentarização. Nem tudo deve ser parlamentarizado. Há determinados sectores na política que devemos confiar a um Governo democrático para os defender. Acreditamos na democracia. Não estamos permanentemente a pretender arranjar fronteiras contra a actuação do Governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Há várias inscrições, que suponho serem para intervenções.

Estão inscritos os Srs. Deputados Luís Beiroco, Lopes Cardoso e José Luís Nunes.

O Sr. Deputado Lopes Cardoso não pretende intervir?

O Sr. Lopes Cardoso (UEDS): - É para pedir um esclarecimento ao Sr. Deputado Sousa Tavares na sequência da sua intervenção.

O Sr. Presidente: - Faça favor Sr. Deputado.

era no sentido de saber se ele estaria disposto a encarar a hipótese de, ao menos, passar para a competência da Assembleia da República a autorização do estacionamento de tropas.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Com certeza, Sr. Deputado Lopes Cardoso!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Beiroco, para uma intervenção.

O Sr. Luis Beiroco (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os objectivos que estão subjacentes a esta proposta do Partido Comunista são tão óbvios que talvez não se justifique sequer anunciar as razões porque vamos votar contra.

No entanto, e já que se estabeleceu um certo debate acerca desta questão, não quero deixar de dizer muito claramente qual é a posição do meu grupo parlamentar.

O Grupo Parlamentar do CDS votará contra esta proposta do PCP porque é evidente que consideramos que quer a condução da política de defesa, quer a condução da política externa, cabem ao Governo.

E não estaríamos dispostos a votar nenhumas propostas que conduzissem à paralisação ou à diminuição da capacidade do Governo de conduzir quer a política de defesa, quer a política externa.

Não estamos em regime convencional, estamos em regime representativo e a Assembleia da República terá sempre ao seu dispor os mecanismos constitucionais para se o governo fizer mau uso dos seus poderes lhe chamar a atenção ou, inclusivamente, votar a censura e fazê-lo substituir por outro.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes, para uma segunda intervenção.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Bom, o Sr. Deputado Lopes Cardoso -meu querido amigo- acusou-me de usar subterfúgios na defesa da nossa recusa a esta proposta.

Eu não me referi a todos os pontos porque considero esta proposta má, porque julguei que, obviamente, se tratava de uma proposta má.

No entanto, há um outro argumento, que não foi ainda aqui focado, e que torna esta proposta, de facto.